Iniciação científica no IOC, com Renato Cordeiro, Vivian e Dr. Haity Moussatche

São 32 anos de muita dedicação às pesquisas científicas, noites em claro em laboratórios e fins de semana voltados para estudos e resultados. O termo workaholic, uma gíria em inglês para alguém viciado em trabalho, se encaixa perfeitamente para a pesquisadora de Farmanguinhos, Sandra Aurora. Com uma bonita trajetória na Fundação, desde bancada à gestão de projetos, a servidora participa de vários eventos para divulgação científica e ainda leva o conhecimento para crianças e jovens em escolas e projeto social. Sandra ainda arruma tempo para passear com o marido, a mãe e o filho e declara o seu amor à escola de samba Mangueira, em ensaios e desfiles no Carnaval.

Formatura da graduação em Biologia, em 1990, ao lado dos pais, Márcia Coronha, Marco Aurélio Martins e Patrícia Silva (pesquisadores do IOC)

Atualmente, Sandra atua na Assistência Técnica de Gestão de Projetos, da Vice-diretoria de Educação, Pesquisa e Inovação (VDEPI), em Manguinhos. Junto à equipe, faz o gerenciamento de projetos da Unidade, em fase de ensaios pré-clínicos.

“Conforme o projeto vai ganhando complexidade, no ponto de vista da cadeia de desenvolvimento, mais atores participam. E nós intermediamos com esses atores, com a Vice-Diretoria, Direção, Presidência. Temos um cronograma e as etapas do ciclo de vida dos projetos e fazemos o gerenciamento, junto aos coordenadores dos projetos”, explicou.

Só em Farmanguinhos, Sandra já está há 12 anos, mas a sua história na Fiocruz começou em 1987, quando ingressou como bolsista de Iniciação Científica no Instituto Oswaldo Cruz (IOC), e cursava Biologia na Universidade Gama Filho. Depois, continuou com os estudos como bolsista de aperfeiçoamento, de mestrado e doutorado, realizados também no IOC, e pós-graduação no curso de Biologia Celular e Molecular com especialização em Farmacologia.

Em Boston, durante o pós-doutorado, com Josiane Sabadinni, Madalena e Rosanna Melo.

Com estudos voltados aos eosinófilos, células que participam da imunidade protetora contra certos parasitas e processos alérgicos, a pesquisadora teve a oportunidade de fazer o pós-doutorado, em Harvard, nos Estados Unidos. Inicialmente, os planos eram aprofundar os estudos no Canadá, porém, após a ida a um congresso em Banff, teve a oportunidade de conhecer o pesquisador Peter Weller e após um convite especial, foi a terceira convidada brasileira a fazer parte do grupo de estudo.

“Foi uma experiência única estar lá, trabalhar com o filho de um vencedor do Prêmio Nobel, em um ambiente científico super-rico, com infraestrutura e materiais adequados. Lembro que toda quarta-feira tinha o Lab Meeting, que era um encontro para apresentação dos resultados, favoráveis ou não, questões estruturais e troca de experiências. Era muito dinâmico e enriquecedor e tive a oportunidade de interagir com chineses, indianos, africanos, com trocas culturais incríveis”, recordou Sandra.

Sandra Aurora, Cecília (Anvisa) e Tereza Santos, em 2011, em um workshop, no PDTIS.

Quando retornou ao Brasil, a pesquisadora que lidava com um único projeto na bancada, começou a trabalhar no acompanhamento de vários estudos e em áreas diversificadas, no Programa de Desenvolvimento Tecnológico em Insumos para Saúde (PDTIS). “Esta transição foi assustadora, pois antes era um projeto em andamento e mudou para 10 a 15 projetos e em um universo de várias doenças. Como a maioria dos projetos era de Farmanguinhos, a aproximação com a Unidade cresceu e o contato com novas áreas de estudo também”, contou.

Após muitos anos de estudos, de aventuras nas madrugadas para experimentos, que duravam 12 horas, e de trabalhar na Fundação como bolsista e terceirizada, em 2014, a pesquisadora ingressou como especialista no concurso da Fiocruz.

Mariana de Souza e Sandra Aurora, no Domingo com Ciência na Quinta, que aconteceu em julho de 2019

Novas vivências- Para quem sempre busca novas aventuras, Sandra ainda teve a oportunidade de dar aula de desenvolvimento tecnológico na Escola Oga Mitá, na Tijuca, e ainda levou colegas da Fiocruz para passar os conhecimentos para os alunos, como Helvécio Rocha, Maria Behrens, Elizabeth Sanches, Wanise Barroso. Além disso, toda sexta-feira à noite, ela encontra disposição para ministrar aulas de Biologia em um pré-vestibular social, com o projeto “Brota na Laje” e a escola Oga Mitá, para jovens dos Morros do Salgueiro, Formiga e Borel.

“É uma grande satisfação poder colaborar na formação desses alunos da comunidade. Ao mesmo tempo é revigorante e um aprendizado, porque no pré-vestibular é mais completo e eu estudo também para ampliar e planejar aulas”, ressaltou.

Benjamin Gilbert, do Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde, e Sandra no stand de Farmanguinhos, no Green Rio 2018

A pesquisadora participa de diversos encontros científicos, workshops e eventos nacionais, como GreenRio, Abrascão, a 71ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontecerá de 21 a 27 de julho, no Mato Grosso do Sul, entre outros. Além de apresentar o portfólio do Instituto, Sandra fala dos projetos científicos, inclusive do biolarvicida Denguetech, desenvolvido por Farmanguinhos.

A música é uma grande paixão para Sandra, que ama o Carnaval e acompanha todos os ensaios da sua escola de coração, que é a Mangueira, e do Paraíso do Tuiuti. Desde pequena, frequentava os ensaios com o pai e o irmão.

Ainda em relação à música, ela lembra de um momento especial que viveu na Instituição, quando participou do Coral da Fiocruz e se apresentou nos 100 anos da Fundação e em eventos externos, na Candelária e até em Belo Horizonte.

Falar da Sandra é isso, misturar pesquisa, mundo científico e tantas histórias vividas na Fiocruz, com família, origens chilenas e o samba mangueirense. É uma combinação de paixões vividas intensamente.