Juliana Johansson é Gente de Far

Juliana com parte da equipe da CDT: Graça Guerra, Alessandra Esteves, Luciene Barbosa (Arquivo pessoal)

A paixão por Farmácia começou muito cedo. Quando criança, lia bulas de medicamentos e admirava os profissionais que inventavam essas fórmulas da cura para incontáveis patologias. Os anos se passaram, ela cresceu e esse amor irremediável só aumentou. Porque, na verdade, ela nasceu para fazer medicamento!

“Quando eu era criança, ficava lendo bula de medicamentos. Coisa de gente louca, né? Mas eu achava interessante. Eu lia aqueles nomes e ficava pensando em quem fez aquilo (medicamento) e o quanto devia ser difícil. Imaginava que a pessoa tinha de estudar muito. Então, eu sempre gostei dessa área de saúde e, especificamente, ligada a medicamentos, desde sempre. E quando eu fiz Farmácia, já fui sabendo o que eu queria. Não tinha maturidade ainda para entender o que era um desenvolvimento tecnológico, mas, naquela minha cabecinha lá de trás, eu queria era fazer remédio”, frisa Juliana Johansson Soares Medeiros.

Usar os recursos tecnológicos, a capacitação de um grupo de pessoas para promover a saúde, trazer o bem-estar, a cura para doenças, saber que o meu trabalho afeta de maneira positiva a saúde das pessoas, isso é uma recompensa de vida

“Como andei desde a minha formação, sempre motivada pelo crescimento profissional. Quando eu me formei, logo saí de Curitiba, porque o mercado farmacêutico não era aquecido, principalmente a área na qual eu queria atuar. Passei por todos esses lugares, entrei no concurso que, por coincidência, fiz a prova foi no dia do meu aniversário, em 24 de outubro de 2010. E nesse meio tempo, eu comecei a namorar um cearense que morava aqui”, relembra a servidora que, como presente, segurou o 1º lugar numa concorrência de 99 pessoas por vaga.

Juliana e Daniel Lacerda em viagem a países africanos para acompanhar mais uma etapa do projeto de desenvolvimento do Praziquantel pediátrico (Arquivo pessoal)

Lacônica com as palavras e um fenômeno profissional. Apesar das conquistas, prefere atribuir o sucesso à dedicação e às habilidades profissionais. “Inteligência para mim tem vários conceitos. Nessa abordagem de inteligência múltipla, eu me considero habilidosa para a área que eu trabalho. Mas eu não sou inteligente em todas as áreas. Esse estereótipo, na verdade, a gente deve desconstruir. Um jogador de futebol, por exemplo, pode ser extremamente inteligente no contexto da habilidade dele: tem visão de estratégia, percepção espacial, enfim. Então, a gente tem que desconstruir esse estereótipo da inteligência”, ressalta.

Ela não mediu esforços para alcançar os objetivos. Formou-se farmacêutica industrial pela Universidade Federal do Paraná, em 2002. Desde então, atua na área de desenvolvimento tecnológico. “A faculdade de Farmácia naquela época tinha uma grade básica de três anos e, a partir daí, havia uma divisão em que se optava por Farmácia Industrial ou Análises Clínicas. Eu fiz Farmácia Industrial já pensando em ir para a indústria, em aprender os conceitos técnicos da área, pensar em trabalhar com desenvolvimento tecnológico”, explica.

Para fazer aquilo que a vocação pré-determinara lá na infância, teve de buscar oportunidades longe de casa. Assim que se formou, deixou o Paraná, seu estado natal. Foi para o polo farmacêutico de Anápolis, em Goiás, de onde seguiu para Minas Gerais anos mais tarde. Depois migrou para o Rio Grande do Sul até, finalmente, chegar ao Rio de Janeiro, mais precisamente em Farmanguinhos. O passaporte foi a aprovação no concurso público da Fiocruz de 2010.

Essa habilidade tem sido empregada na Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico (CDT), área que ela atua da chegada ao Instituto até hoje, desde a formação, na verdade. “Desde que eu vim para Farmanguinhos, eu atuo na Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico. Entrei no LTF (Laboratório de Tecnologia Farmacêutica), como farmacotécnica. Essa área me fascina, sabe? Usar os recursos tecnológicos, a capacitação de um grupo de pessoas para promover a saúde, trazer o bem-estar, a cura para doenças, saber que o meu trabalho afeta de maneira positiva a saúde das pessoas, isso é uma recompensa de vida”.

Desenvolvimento tecnológico é uma paixão que transcende os limites do universo profissional. “Isso sempre foi um objetivo que se tornou uma satisfação de vida. É diferente, já que se trata de perseguir um objetivo para atingir metas pessoais e trabalhar com uma área que traz muita satisfação e muito retorno pessoal. Eu fiz o concurso como uma das estratégias para vir para o Rio, para uma instituição super admirada, que é a Fiocruz”, salienta.

Depois de formada, Juliana fez MBA em Gestão de projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Mestrado Profissional em Gestão, Pesquisa e desenvolvimento na Indústria Farmacêutica, por Farmanguinhos. Agora, encara novo desafio: está na primeira turma do Doutorado Profissional pioneiro do Brasil na área farmacêutica, também oferecido pelo Instituto.

Mesmo com toda essa demanda, a família é a maior prioridade.  “O mestrado foi bastante sacrificante, eu passava as madrugadas acordada, pois na minha vida pessoal só tinha lugar para meu filho. Eu faço questão de ser uma mãe presente, de dar atenção, de brincar, de ensinar. Daí, eu estudava depois que ele dormia. Agora no doutorado é assim também, só que em dose dupla. Eles dormem e eu começo a estudar”.

O Gabriel (seis anos) nasceu quando a mãe ainda estava no LTF. Na ocasião, Juliana defendeu a dissertação grávida da pequena Beatriz, com dois aninhos atualmente. Assim que terminou a licença maternidade, a servidora se transferiu para o Departamento de Gestão de Desenvolvimento Tecnológico (DGDT). Orgulhosa do local onde trabalha, Juliana faz questão de apresentar a instituição aos filhos.  Sempre que há atividades abertas ao público, lá estão os pequenos, atentos a esse fantástico mundo da Ciência.

E quando Juliana não está desempenhando os papéis até aqui relatados, ainda consegue um espaço na agenda para dedicar-se a uma atividade recreativa, se é se pode chamar assim. “Nas horas vagas eu faço jardinagem. Adoro cuidar de plantas e procuro me dedicar a essa atividade como um lazer mesmo, é um prazer cuidar das plantas e faço há bastante tempo”, revela.

De fato, as coincidências continuam a surpreender. Afinal, família, jardinagem e ciência requerem vocação e dedicação. Assim, semeando ciência e cultivando com dedicação, Juliana Johansson vai colhendo as flores que planta ao longo da vida.

 
 

Anterior

Farmanguinhos está apto a produzir mais um medicamento de PDP

Próximo

Farmanguinhos exporta Vitamina A para a Guatemala

Deixe um comentário