A luta global contra a malária ganhou um aliado de peso em abril de 2008, quando Farmanguinhos lançou o medicamento Artesunato+Mefloquina (ASMQ), produto inovador totalmente desenvolvido e registrado no Brasil.

O medicamento, cuja formulação foi totalmente desenvolvida nas instalações de Farmanguinhos, é considerado o mais eficaz no combate à malária causada pelo protozoário Plasmodium falciparum, responsável por 25% de 1 milhão de casos da doença na América Latina . Ele associa as substâncias cloridrato de mefloquina e artesunato, antes administradas  separadamente contra a doença.

O artesunato é um composto semi-sintético derivado da artemisinina, que é encontrada na planta medicinal Artemisia annua. A artemisia é uma planta medicinal encontrada principalmente no sudeste asiático e utilizada de longa data na medicina tradicional chinesa e indiana. A mefloquina é um análogo sintético do quinino, um alcalóide presente na planta conhecida como quina ou cinchona, originária da América do Sul.

A combinação resulta em baixos índices de efeitos colaterais, maior adesão dos pacientes e utilização de menores doses de comprimidos, possibilitando uma cura mais rápida. Na terapia convencional, à base de quinino, um adulto pode ingerir até 24 cápsulas diariamente. Com o ASMQ, são apenas seis, em dose fixa. Além disso, o produto também é fabricado sob a forma de líquido para as crianças, principais vítimas da malária em escala mundial.

O ASMQ pode ser armazenado por até três anos em clima tropical e é gratuito aos pacientes brasileiros. Em 2009, ele começou a ser distribuído a preço de custo para países endêmicos da América Latina e do Sudeste Asiático.

A criação do medicamento foi uma parceria entre a Fiocruz, através do Instituto de Tecnolo¬gia em Fármacos – Farmanguinhos, e a Iniciativa Medicamentos para Doen¬ças Negligenciadas (DNDi, em inglês), uma entidade internacional sem fins lucrativos. O desenvolvimento fez parte do Consórcio FACT (Terapia de Combinação em Dose Fixa de Artesunato, em tradução da sigla em inglês). O custo total foi de 7,8 milhões de euros, valor financiado em conjunto pela União Européia, Reino Unido, Espanha, França e Holanda.