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Farmanguinhos forneceu ao SUS cerca de 615 milhões de medicamentos em 2023. Maior entrega dos últimos seis anos 

Medicamentos para malária e esquistossomose, consideradas Doenças Tropicais Negligenciadas, estão incluídos nesse recorde  

 

Em 2023, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) forneceu ao Sistema Único de Saúde (SUS) cerca de 615 milhões de unidades farmacêuticas de diferentes classes terapêuticas — maior entrega dos últimos seis anos.  Neste total, estão incluídos os medicamentos destinados ao tratamento das enfermidades classificadas como Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) endêmicas no país, como a malária e a esquistossomose.  

Desta forma, neste Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas (30/1), o Instituto reforça sua atuação permanente no enfrentamento das DTNs. “Produzimos medicamentos para o tratamento de doenças que são negligenciadas por grandes indústrias farmacêuticas. O Instituto atende a 100% dos pedidos realizados pelo SUS”, ressalta o diretor de Farmanguinhos, Jorge Mendonça.  

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), as DTNs são um grupo de doenças infecciosas, muitas delas parasitárias, que afetam principalmente as populações mais pobres e com acesso limitado aos serviços de saúde e saneamento básico. Essas enfermidades ameaçam mais de 1,7 bilhão de pessoas. Doença de Chagas, dengue e chikungunya, esquistossomose, hanseníase, leishmaniose, malária, escabiose (sarna), parasitoses intestinais e tracoma são algumas das patologias. A prevenção, controle, eliminação ou erradicação das DTNs faz parte da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).  

O combate às doenças negligenciadas é um tema complexo em todo mundo e Farmanguinhos tem contribuído para os estudos e o enfrentamento dessas doenças que persistem como um problema de saúde pública”, afirma Jorge Mendonça.   

Produção e desenvolvimento tecnológico – No Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM), localizado em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, são produzidos os medicamentos para serem entregues ao Sistema Único de Saúde (SUS). Com grande capacidade de produção de unidades farmacêuticas (UFs), o portfólio de Farmanguinhos inclui cerca de 36 tipos de medicamentos, de modo a apoiar o fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS).  

No ano passado, foram entregues ao SUS 668 mil UFs de praziquantel 600 mg para tratar a esquistossomose. Farmanguinhos também faz parte do Consórcio Internacional do Praziquantel para Uso Pediátrico, no desenvolvimento do anti-helmíntico para o tratamento da doença em crianças em idade pré-escolar (três meses a seis anos de idade).   

Para os pacientes com malária, são produzidas a primaquina 5 e 15 mg, a cloroquina 150 mg e a dose fixa combinada artesunato+mefloquina 100 e 220 mg.  Juntos, o fornecimento ao SUS foi de cerca de 5,6 milhões de UFs (2023).  

Também está em desenvolvimento o insumo farmacêutico ativo (IFA) do benznidazol para o tratamento da doença de Chagas, nos laboratórios de Síntese de Fármacos da unidade em parceria com a Nortec Química. 

 

 

 

Agência europeia recomenda Arpraziquantel para tratar esquistossomose em crianças 

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) adotou um parecer científico positivo para o Arpraziquantel no tratamento da esquistossomose em crianças em idade pré-escolar (3 meses a 6 anos de idade). O pedido foi apresentado pelo Consórcio Praziquantel para Uso Pediátrico, no âmbito do procedimento EU-M4all para medicamentos de alta prioridade para uso humano destinados a países de fora da União Europeia. No Brasil a submissão regulatória na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se dará pelo parceiro do Consórcio, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz). 

O parecer científico positivo emitido pela EMA é a base para a possível inclusão do Arpraziquantel na lista de medicamentos essenciais e pré-qualificados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Farmanguinhos traz a experiência em produção e distribuição e será o local de fabricação, após anuência da Anvisa, para a futura introdução do novo medicamento pediátrico em países endêmicos. Ao desenvolver, registrar e fornecer acesso ao Arpraziquantel, o Consórcio está fazendo uma contribuição tangível para a eliminação da esquistossomose como um problema de saúde pública e abordando também os ODS, em particular os ODS 3 (Boa saúde e bem-estar) e 17 (Parcerias para os objetivos).  
  
O Arpraziquantel 

O padrão atual de tratamento para a esquistossomose é o Praziquantel, seguro, eficaz e adequado para crianças em idade escolar e adultos. Ampliando o leque de opções para o tratamento da esquistossomose, o Arpraziquantel é adaptado para crianças em idade pré-escolar contra o Schistosoma mansoni e Schistosoma haematobium. Testado em desenvolvimento clínico, o Arpraziquantel contém o enantiômero farmacologicamente ativo do Praziquantel. É um comprimido dispersível de 150 mg. O protótipo de sua formulação pediátrica foi desenvolvido pela Astellas, no Japão, e aperfeiçoado posteriormente pela Merck, na Alemanha. O processo de fabricação serviu para produzir insumos para ensaios clínicos da Merck e de Farmanguinhos/Fiocruz, no Brasil. 

A futura produção deverá ser feita pela Universal Corporation, no Quênia, que está se preparando para uma ampla capacidade de produção local para a África, e por Farmanguinhos/Fiocruz. Ao desenvolver o Arpraziquantel, o Consórcio Praziquantel para Uso Pediátrico estabeleceu um programa de desenvolvimento do medicamento pediátrico, dividido em quatro etapas principais: desenvolvimento pré-clínico, desenvolvimento clínico, registro e acesso. Todos os detalhes podem ser encontrados no site do Consórcio. 
  
A esquistossomose 

A esquistossomose (também conhecida como bilharziose) é uma das doenças parasitárias mais prevalentes no mundo todo e muito importante em termos de impacto econômico e ônus para a saúde pública. É uma doença relacionada que está disseminada em regiões tropicais e subtropicais onde grandes setores da população não têm acesso a água potável. Os platelmintos transmitem a doença e as pessoas são infectadas pelo parasita através do contato com água doce enquanto trabalham, nadam, pescam ou lavam roupas, por exemplo. As larvas minúsculas penetram na pele humana, entram nos vasos sanguíneos e atacam os órgãos internos. A taxa de infecção é muito alta entre as crianças. A esquistossomose é uma condição crônica, classificada pela OMS como uma doença tropical negligenciada. 

EU-M4all 

A EMA, por meio do procedimento EU-M4all, em cooperação com a OMS, pode fornecer pareceres científicos sobre medicamentos humanos de alta prioridade, incluindo vacinas, que se destinam a mercados fora da União Europeia (UE). O procedimento era anteriormente conhecido como procedimento do artigo 58, uma vez que a base jurídica é o Artigo 58 do Regulamento (CE) n.º 726/2004. 
  
O Consórcio 

O Consórcio Praziquantel para Uso Pediátrico é uma parceria internacional público-privada que pretende reduzir o estigma global da esquistossomose e melhorar a saúde infantil ao abordar as necessidades médicas de crianças infectadas em idade pré-escolar. Sua missão é desenvolver, registrar e fornecer acesso a um medicamento pediátrico adequado para o tratamento da esquistossomose em crianças de 3 meses a 6 anos de idade. Financiado pela Merck, tem contribuições em espécie de parceiros do Consórcio e subsídios da Bill & Melinda Gates Foundation (Fundação Bill & Melinda Gates), do Global Health Innovative Technology Fund (Fundo Global de Tecnologia Inovadora) e da European & Developing Countries Clinical Trials Partnership (Parceria para Ensaios Clínicos na Europa e Países em Desenvolvimento). Para mais informações e para ter uma visão geral de todos os parceiros, visite o site do Consórcio. 

Os parceiros do Consórcio são Merck (Alemanha), Astellas Pharma (Japão), The Swiss Tropical and Public Health Institute (Suíça), Lygature (Holanda), Farmanguinhos/Fiocruz, Unlimit Health (Reino Unido), Kenya Medical Research Institute (Quênia), Université Félix Houphouët-Boigny (Costa do Marfim), Klinikum rechts der Isar der Technischen Universität München (Alemanha), Ministério da Saúde da Costa do Marfim (Costa do Marfim) e African Institute for Health and Development (Quênia). Outros colaboradores que contribuem para a missão do Consórcio Praziquantel para Uso Pediátrico são Makerere University School of Public Health (Uganda), Ministério da Saúde do Quênia, Divisão de Doenças Transmitidas por Vetores e Tropicais Negligenciadas (Quênia) e Ministério da Saúde de Uganda. 

 

Pramipexol de Farmanguinhos/Fiocruz é eleito medicamento de referência no Brasil    

O medicamento dicloridrato de pramipexol produzido pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), utilizado para o tratamento da doença de Parkinson, passa a ser medicamento de referência nacional para qualquer laboratório que tenha interesse em produzi-lo no Brasil nas diferentes concentrações (0,12mg, 0,250mg e 1,0mg). Desta forma, os novos registros terão que seguir os parâmetros de qualidade estabelecidos por Farmanguinhos.  A informação foi publicada no último dia 8/12, na lista de medicamentos de referência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Receber esta designação da Anvisa atesta a qualidade, eficácia e segurança dos medicamentos de Farmanguinhos, proporcionando segurança aos profissionais de saúde e aos pacientes que fazem uso da medicação por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Também reforça a importância do Instituto no cenário farmacêutico, consolidando seu protagonismo e relevância para a saúde pública brasileira”, ressalta a Chefe do Departamento de Gestão de Desenvolvimento Tecnológico de Farmanguinhos, Juliana Johansson.  

Para a inclusão do pramipexol produzido em Farmanguinhos/Fiocruz na lista de medicamentos de referência foram considerados diversos critérios, dentre eles, o fato do medicamento referência anteriormente presente na lista, o  Sifrol, não estar disponível no mercado brasileiro,  devido ao pedido de cancelamento por parte da empresa farmacêutica alemã Boehringer Ingelheim.  

Em 2022, foram fornecidos ao SUS, nas concentrações 0,12mg, 0,250mg e 1,0mg, respectivamente, 2.550.500, 11.595.500 e 13.609.000 unidades farmacêuticas (UFs). Já este ano (janeiro a novembro/2023), foram entregues 2.190.000 (0,125mg), 5.861.500 (0,250mg) e 5.465.000 (1,0mg) UFs.   

Para implementar a produção do pramipexol, em escala industrial, o Instituto envolveu a expertise de diferentes setores, como o Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, o Desenvolvimento de Embalagens, a Assistência de Gestão em Projetos de Absorção e Transferência de Tecnologias, áreas de Controle da Qualidade, Produção, Serviço de Boas Práticas de Fabricação, entre outras.  

Parkinson - De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente no mundo, atrás apenas do Alzheimer. Cerca de quatro milhões de pessoas vivem com a doença, sendo aproximadamente 200 mil no Brasil.  

A doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa que traz desafios significativos aos pacientes. Os sintomas como tremores, rigidez e dificuldades motoras impactam negativamente na qualidade de vida da população acometida por esta patologia. Com isso, problemas secundários de comorbidades relacionadas a questões emocionais também são frequentes. Enfrentar a rotina diária torna-se um desafio e o suporte farmacológico contínuo é um ponto crucial para gerenciar os sintomas e retardar a progressão da doença, conferindo maior longevidade aos pacientes.  

Novo acordo promete reforçar tratamento da Doença de Chagas 

A Fiocruz, por meio do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), assinou nesta segunda-feira (4/12), acordo de cooperação técnica e científica para registro, na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de medicamento clone genérico para o tratamento da doença de Chagas. A parceria foi firmada com a multinacional alemã Bayer AG, detentora do Nifurtimox®, indicado para o tratamento da enfermidade, com registro aprovado nos Estados Unidos, Bolívia, Chile e El Salvador, como uma alternativa ao Benzonidazol. O objetivo da parceria é ampliar o acesso de medicamento ao paciente, através do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Estima-se que exista um milhão de pessoas afetadas pela doença de Chagas no Brasil, segundo o Boletim Epidemiológico de Chagas, do Ministério da Saúde (MS), de 2021. O acordo, então, vai ao encontro da missão de Farmanguinhos/Fiocruz, laboratório oficial do MS, de ofertar soluções integradas e sustentáveis para o SUS.  

O medicamento, produzido pela Bayer, é recomendado, conforme o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas doença de Chagas nº 397, de 2018, para o tratamento etiológico, em crianças e adolescentes na fase crônica indeterminada, e nos casos agudos, para qualquer faixa etária, nas situações em que Benznidazol não seja adequadamente tolerado.  

Serão, portanto, disponibilizadas equipe técnica qualificada, recursos e materiais para avaliar a possibilidade futura da transferência de tecnologia de produção e fornecimento do Nifurtimox®. Enquanto isso, Farmanguinhos será responsável pelo processo de registro na Anvisa, para as certificações pertinentes à autorização de comercialização do medicamento em seu nome.

Farmanguinhos atua no desenvolvimento de novos medicamentos e na melhoria de formulações para o enfrentamento do HIV/Aids

Como laboratório farmacêutico oficial vinculado ao Ministério da Saúde (MS), o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) tem papel de destaque dentro do desenvolvimento da Política Nacional de Medicamentos e da Política Industrial como centro de tecnologia e produção de medicamentos especializados, entre eles, os antirretrovirais. Atualmente, fornece 10 medicamentos dessa classe – atazanavir 300mg, efavirenz 600mg, lamivudina 150mg, nevirapina 200mg, zidovudina 100mg, dolutegravir 50mg, dolutegravir 50mg + lamivudina 300mg, lamivudina 150mg + zidovudina 300mg, tenofovir 300mg + lamivudina 300mg  e  o entricitabina 200mg + tenofovir 300mg.

Somos um produtor público de antirretrovirais no país.  Atuamos para ampliar o acesso das pessoas vivendo com HIV/Aids a esses medicamentos. Para o Ministério da Saúde, atuamos na diminuição da dependência por insumos importados pelo país, gerando, inclusive, economia aos cofres públicos, com a redução de custos para a sua aquisição”, ressalta o diretor de Farmanguinhos, Jorge Mendonça.

Absorção tecnológica – Com o objetivo de oferecer mais uma alternativa para o tratamento contra o HIV/Aids, Farmanguinhos passou a fornecer uma combinação inédita de dois antirretrovirais, o dolutegravir 50mg + lamivudina 300mg. O regime de dosagem simplificada representa um avanço para o Sistema Único de Saúde (SUS). Esse ano, a previsão solicitada pelo MS é de 10,8 milhões de unidades farmacêuticas (Ufs) e, para 2024, serão fornecidas 30 milhões.

A distribuição do dolutegravir 50 mg é fruto de uma parceria do Instituto com empresas internacionais, firmada em julho de 2020. Desde a primeira entrega (3/2022) até hoje, o total acumulado é de 244.594.680 Ufs.

Ao final da transferência de tecnologia desses medicamentos, toda a sua produção será executada no Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM) de Farmanguinhos.

De acordo com o Boletim Epidemiológico HIV/Aids do Ministério da Saúde (Número Especial | dez 2022), desde o início da epidemia de Aids (1980 até junho de 2022), foram identificados 1.088.536 casos no Brasil, com média de 36,4 mil novos casos nos últimos cinco anos.   A publicação também ressalta que o acesso ao tratamento com antirretrovirais vem contribuído para a redução da mortalidade no Brasil.  De 1980 até 31/12/2021, foram notificados 371.744 óbitos, por causa básica Aids, no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Em 2021, foram registados um total de 11.238 óbitos, com uma taxa de mortalidade padronizada de 4,2 óbitos/100 mil habitantes.

Coinfecções TB-HIV – Principal produtor de tuberculostáticos no país, Farmanguinhos desenvolve e absorve tecnologias de produtos para o tratamento da tuberculose, que são utilizados nas coinfecções TB-HIV, como é o caso da isoniazida (100mg e 300mg). A profilaxia da infecção latente da tuberculose (ILTB) é uma medida preventiva sobretudo em pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA).

Atualmente, para o tratamento de tuberculose, Farmanguinhos fornece ao MS: etionamida 250mg, isoniazida (100mg e 300 mg), isoniazida 100mg + rifampicina 150mg, isoniazida 150mg + rifampicina 300mg e o medicamento 4 em 1 (rifampicina 150mg + etambutol 275mg + isoniazida 75mg + pirazinamida 400mg).

Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) – Farmanguinhos ainda fornece outro importante medicamento ao MS: o antirretroviral composto entricitabina 200mg + tenofovir 300mg, usado na Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP). Trata-se de um esquema de prevenção que consiste no uso diário do medicamento que funciona como uma “barreira química” contra o vírus HIV.

Inovação e Pesquisa – Farmanguinhos também lidera projetos de desenvolvimento de novos medicamentos ou de melhorias de formulações que já são fornecidas no SUS.  Desde 2001, o Laboratório de Síntese de Fármacos (Lasfar/Farmanguinhos) atua no combate ao HIV, por meio da preparação de novas substâncias ativas. Em geral, para a obtenção destes novos compostos, são realizadas modificações estruturais em fármacos já utilizados na terapia antirretroviral, visando obter substâncias mais ativas e com menos eventos adversos.

Atualmente, o laboratório trabalha no desenvolvimento de produtos que sejam capazes de atuar em coinfecções como HIV-TB e HIV-criptococose, bem como na criação de modelos celulares que possam testar as atividades anti-HIV/anti-MTb e antirretroviral/antifúngica de compostos simultaneamente, que estão em avaliação pré-clínica. 

Uma das moléculas promissoras é um análogo da etravirina, duas vezes mais ativa que o fármaco padrão. Além de exibir um melhor perfil de segurança em ensaios celulares, inibindo em quase 94% a atividade da enzima transcriptase reversa (TR), essencial para replicação do vírus. O modo de interação do novo análogo da etravirina com o sítio de ligação na enzima TR, assim como o estudo do perfil farmacocinético, já foram determinados. Agora, esse candidato a fármaco está sendo submetido a ensaios que avaliam seu perfil de resistência viral, bem como sua ação nos reservatórios onde o HIV encontra-se em estado de latência” conta a pesquisadora Mônica Macedo Bastos.

Também estão sendo desenvolvidos modelos celulares de coinfecção HIV-criptococose e HIV-TB. O primeiro em colaboração com pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o segundo, finalizado no The Johns Hopkins Medical School (Estados Unidos).  Ambos são realizados por meio de parcerias com grupos de pesquisa (nacional e internacional), de forma multidisciplinar e com alto potencial multiplicador.

No Lasfar, todos os trabalhos contam com o investimento institucional de Farmanguinhos/Fiocruz e também com o financiamento de agências de fomento – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Biodiversidade – Já o Laboratório de Tecnologia para a Biodiversidade em Saúde (TecBio/Farmanguinhos) investiga o comportamento de uma planta medicinal usada popularmente para tratar vários tipos de doenças, algumas graves ou crônicas, entre as quais a Aids. Coordenada pelo pesquisador Antônio Carlos Siani, com colaboração do grupo de Virologia Molecular da UFRJ – liderado pelo pesquisador Amílcar Tanuri, a pesquisa avalia os componentes ativos contidos no látex dessa planta como base conceitual para desenvolver um fitoterápico.

O látex dessa planta contém substâncias (Agentes Reversores de Latência) que despertam o vírus latente nos reservatórios celulares de pacientes infectados que são assintomáticos, devolvendo-os para a corrente sanguínea, onde estarão novamente suscetíveis à ação dos antirretrovirais da terapia convencional.   A proposta do estudo é combinar a ação desse fitoterápico com os antirretrovirais existentes, para atingir a cura da Aids, através da eliminação total do vírus no organismo”, destaca Antonio Siani.

Segundo o pesquisador, o projeto está avançado na fase pré-clínica, com os resultados já obtidos nos seus estágios químicos e farmacológicos, incluindo testes de toxicologia efetuados sob Boas Práticas de laboratório, em locais credenciados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).  O próximo passo é aprofundar os testes toxicológicos e a conclusão, dessas etapas, de modo positivo, o que permitirá iniciar futuros estudos clínicos.

Desta forma, neste Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro, Farmanguinhos reafirma seu protagonismo no fornecimento dessa categoria de medicamentos ao SUS.

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