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Farmanguinhos/Fiocruz realiza doação de antimaláricos para tratamento em terras indígenas Yanomami

Em parceria com o Ministério da Saúde, medicamentos serão entregues como parte do combate à situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) fará entrega emergencial do artesunato + mefloquina, também conhecido como ASMQ. Em concentração reduzida para a população pediátrica, medicamento será direcionado ao tratamento da malária em terras indígenas Yanomami. Doações saíram na terça-feira 18/6, do Rio de Janeiro.

Por ser uma combinação de dose fixa, o medicamento apresenta resultados mais rápidos e eficazes contra a doença. “Farmanguinhos possui uma posição estratégica no combate as doenças negligenciadas e são as melhorias em nossos processos que tornam isso possível. O ASMQ é um desses exemplos. Ele foi projetado para atender às necessidades específicas das crianças, que são as principais vítimas da malária em todo o mundo, sendo um dos medicamentos com maior avanço no tratamento da malária dos últimos 15 anos”, disse Jorge Mendonça, diretor de Farmanguinhos/Fiocruz.

A entrega do ASMQ (25+50) mg será realizada em duas apresentações: serão cerca de 233 mil unidades farmacêuticas, com três comprimidos, e mais de 131 mil, na versão com seis comprimidos (foto: Lean Morgado – Farmanguinhos/Fiocruz)

A entrega do ASMQ (25+50) mg será realizada em duas apresentações. Serão cerca de 233 mil unidades farmacêuticas, com três comprimidos, e mais de 131 mil, na versão com seis comprimidos. “Estamos doando ao Ministério da Saúde todo o estoque disponível de Farmanguinhos para o tratamento pediátrico de malária. Então, apenas nessa concentração, serão enviados medicamentos para mais de 99 mil tratamentos”, disse a responsável pela Divisão de Assistência Farmacêutica de Farmanguinhos/Fiocruz, Vanessa Lordello.

Além do quantitativo doado para o tratamento em terras indígenas Yanomami, serão fornecidos mais 259 mil comprimidos do medicamento as secretarias estaduais. Desses, mais de 132,6 mil são referentes a dosagem 100+200 mg, destinado a uso adulto. As demais, somando 127 mil unidades farmacêuticas, estão na dosagem (25+50) mg e são destinadas a população infantil.

Desde 2023, o Ministério da Saúde (MS) aplica ações de combate à situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência de desassistência à população Yanomami, declarada por meio da Portaria GM/MS Nº 28, de 20 de janeiro de 2023. À época, foram encontradas crianças e idosos em estado grave de saúde, com desnutrição grave, além de muitos casos de malária, infecção respiratória aguda (IRA) e outros agravos.

A instituição é a única fabricante nacional da associação antimalárica em dose fixa combinada de artesunato e mefloquina. Essa foi uma parceria do Instituto com a Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (em inglês, Drugs for Neglected Diseases initiative – DNDi), uma entidade internacional sem fins lucrativos. ainda em 2008. “Este modelo bem-sucedido de desenvolvimento farmacêutico colaborativo sem fins lucrativos, liderado por um país endêmico para atender às necessidades específicas de sua população, pode nos ensinar muitas lições valiosas sobre o desenvolvimento de novos tratamentos para outras doenças que exigem atenção urgente – inclusive para combater a epidemia de dengue de rápida disseminação”, disse o Dr. Sergio Sosa-Estani, diretor da DNDi América Latina.

Leia também a matéria do DNDi: Tratamento pediátrico para malária desenvolvido no Brasil por organizações sem fins lucrativos é distribuído a crianças indígenas na região amazônica | DNDi América Latina (dndial.org)

O produto é registrado em quatro apresentações que permitem o ajuste de dose em função das faixas etárias e de peso dos pacientes. Confira abaixo:

Redesenvolvimento Tecnológico

Essa é, também, a primeira entrega do ASMQ após a mudança no processo produtivo de Farmanguinhos. A fim de tornar a fabricação mais eficiente, a instituição realizou melhorias no desenvolvimento desses medicamentos. “Um grande objetivo do projeto era a internalização da etapa de revestimento. Com isso, Farmanguinhos está apto a fabricar ambas as concentrações, tanto para adultos quanto para crianças, sem depender de serviços terceirizados”, comenta a chefe do Departamento de Gestão de Desenvolvimento Tecnológico de Farmanguinhos/Fiocruz, Juliana Johansson.  

A ação, além de diminuir custos e garantir a autonomia a Farmanguinhos em toda a cadeia de fabricação destes antimaláricos, cumpre com requisitos regulatórios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mais recentes, especialmente no que se refere a requisitos analíticos. Com isso, é possível assegurar que os produtos finais atendem às especificações de qualidade do medicamento, garantindo a eficácia e segurança do tratamento.

Para isso, foi necessário que o Instituto passasse por novas etapas de aprovação na Anvisa. As alterações pós-registro da maior concentração foram submetidas para a Anvisa em maio/2023 e para a menor dosagem a submissão ocorreu mais recentemente, em abril/2024. Estas alterações foram classificadas como menores no processo de fabricação, não havendo necessidade de aguardar a anuência da agência reguladora para a implementação.

Além do quantitativo doado para o tratamento em terras indígenas Yanomami, serão fornecidos mais 259 mil comprimidos do medicamento as secretarias estaduais (foto: Lean Morgado – Farmanguinhos/Fiocruz)

Etapas de entrega

As doações do ASMQ (25+50) mg saíram nesta terça-feira (18/6), do Rio de Janeiro. “A carga será entregue ao Centro de Distribuição do Ministério da Saúde, em São Paulo, onde ficará sob responsabilidade do Ministério da Saúde”, explica a gerente logística de Farmanguinhos, Cristina Guedes.

ASMQ – o medicamento foi incorporado ao Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária e disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2009. No entanto, teve sua fabricação interrompida em 2021 e voltou a ser distribuído após algumas melhorias em seu processo de desenvolvimento e internalização da etapa de revestimento. Em 2023, foram fabricados e disponibilizados, no SUS, 254,4 mil unidades do medicamento para adultos. Agora, em 2024, Farmanguinhos retomou a produção do ASMQ para menores de 12 anos.

Inscrições para o Curso de Inverno

Acesse o Campus Virtual da Fiocruz de 20/6 a 10/7/2024

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) abre, na próxima quinta-feira (20/6), inscrições para o Curso de Inverno: Pesquisa e desenvolvimento de fármacos e medicamentos. Interessados deverão acessar o Campus Virtual da Fiocruz até o dia 10/7/2024 e preencher o cadastro.

Clique AQUI e se inscreva!

Ao todo, serão disponibilizadas 20 vagas para alunos de Farmácia, Química, áreas da biologia e saúde. As aulas serão realizadas em formato semipresencial, em Farmanguinhos, no campus Manguinhos, localizado no endereço: Rua Sizenando Nabuco, 100, e pela plataforma Zoom.

Confira o cronograma de aulas:  

Curso de inverno – em 2015, Farmanguinhos/Fiocruz iniciou a realização de cursos de atualização sobre assuntos relevantes para os processos da indústria farmacêutica, nas Escolas de verão e inverno.

Leia também: Farmanguinhos lança Mestrado Profissional para candidatos do Mercosul 

Nanotecnologia e doença de Chagas são tema de Centro de Estudos

Professor da UFRN, Arnóbio Antônio debateu meios inovadores para a pesquisa de desenvolvimento de fármacos

Com o tema “Por que aplicar nanotecnologia para Doenças Negligenciadas? Uma abordagem em Doença de Chagas”, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) celebrou mais um Centro de Estudos. A palestra foi ministrada pelo professor associado do Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Arnóbio Antônio da Silva Júnior, no dia 5/6, com transmissão ao vivo pelo canal oficial do YouTube da unidade.

As doenças tropicais negligenciadas (DTNs) são causadas por uma variedade de patógenos, incluindo vírus, bactérias, parasitas, fungos e toxinas que acometem pessoas em situação de vulnerabilidade, onde a segurança da água, o saneamento e o acesso aos cuidados de saúde são inadequados “Não existe interesse da grande indústria em produzir medicamentos para essa parcela da população. Então, essa é uma tarefa que fica a cargo dos governos, com o auxílio de institutos de pesquisas e iniciativas”, comentou Arnóbio.

Um dos exemplos dados por ele foi a Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (em inglês, Drugs for Neglected Diseases initiative -DNDi), parceira na produção do primeiro medicamento pediátrico para a doença de Chagas no Brasil, o benznidazol. Além disso, a instituição realiza uma série de projetos para o rastreamento, diagnóstico e tratamento dessas enfermidades.

Leia também: Novo acordo promete reforçar tratamento da Doença de Chagas 

Outros tópicos também foram abordados, como as limitações dos fármacos convencionais e suas barreiras biológicas, e o uso prático da nanotecnologia utilizada pela UFRN. A universidade foi a responsável pelo desenvolvimento da plataforma de nanocarreadores, que destacam partículas em escala nanométrica, além nanopartículas poliméricas e lipídico-sólidas, resultando em um depósito de patente e publicações diversas.

O professor demonstrou as diferentes estratégias de utilização dessa plataforma em estudos. Uma delas é desenvolvida para o uso de potenciais imunoadjuvantes para a imunização. “Estamos falando de soros, como imunização passiva. E, no caso da doença de Chagas, nós estamos pensando nessa ferramenta para a produção de anticorpos em um possível nanocarreador carregado com as enzimas do parasita”, disse.

Portal Fiocruz – uma das sugestões de Arnóbio, para aqueles que estudam o desenvolvimento de fármacos e medicamentos para DTNs, foi o portal da Fiocruz (chagas.fiocruz.br). O site dispõe de trabalhos de pesquisa e demais materiais educacionais sobre a Doença de Chagas, assim como detalhes sobre a sua história.

Confira a palestra na íntegra em nosso canal oficial do YouTube. Clique AQUI!

Em parceria com o Ministério da Saúde, Farmanguinhos/Fiocruz contribui para o tratamento para leishmaniose

Indicado pelo SUS, miltefosina é mais um medicamento de combate à doença tropical negligenciada

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Inauguração do jardim sensorial na Cidade de Deus 

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) e o Grupo Alfazendo, organização civil sem fins lucrativos, inauguraram em 22/5 o novo Jardim Sensorial da Escola Municipal Joaquim Fontes, da Cidade de Deus. Em uma realidade precária de investimentos e com algumas suspensões de aulas devido à violência no local, a conclusão do Projeto Verde que te Quero Ver amplia os horizontes das crianças, possibilitando novos conhecimentos de forma lúdica e integrados à natureza. O espaço é formado por um caminho da ciência, jardim sensorial, canteiros brincantes, horta orgânica, entre outros. 

O objetivo do projeto é fortalecer as escolas municipais da Cidade de Deus de informações e recursos pedagógicos, pensando no desenvolvimento sustentável e na saúde integral. O diretor Jorge Mendonça enalteceu o trabalho realizado, em conjunto com as associações, ao longo dos anos no entorno do Complexo Tecnológico de Medicamentos, em Jacarepaguá. “Cuidamos da saúde da população e, por isso, olhamos com muito zelo e investimos na qualidade de vida das pessoas da comunidade em que estamos inseridos. É gratificante ver este espaço completamente renovado e com materiais nossos, que seriam descartados e, agora reaproveitados, poderão ser explorados, servindo de base para o desenvolvimento dessas crianças. Em outros projetos, já conseguimos transformar alguns cenários, tirando o lixo e levando cultura, esporte e sustentabilidade para crianças, adolescentes e idosos. Abraçando esta ação, reforçamos os valores institucionais e os objetivos da Agenda 2030, que é também um compromisso da Fiocruz”, frisou o diretor. 

Todo o projeto foi desenvolvido por Farmanguinhos/Fiocruz e pelo Grupo Alfazendo, com a utilização de materiais da fábrica e naturais, como pallets, bombonas, troncos, galhos, plantas, pedras, que respeitam as espécies locais e a topografia do terreno. Os profissionais do Instituto se envolveram na ação com pinturas em pedras, associando figuras e nomes de insetos e micro-organismos de jardins, como parasitas. Posteriormente, a ideia é levar alguns especialistas para aprofundar temas científicos e conhecimento para as crianças da escola.    

Magali Portela, da Assessoria de Gestão Social (AGS) de Farmanguinhos, explicou a motivação para criação do espaço. “A ideia de uma escola com um território saudável e sustentável é um sonho que tínhamos há muito tempo, quando nos deparávamos com a questão do lixo e da dengue na Cidade de Deus. Começamos a pensar em transformar estes locais para que tivessem funcionalidade, ressignificar estes espaços, compreendendo que o material de descarte pode ser transformado. E assim, podemos dar um novo destino”, contou Magali.  

Na inauguração, as coordenadoras do projeto apresentaram processo de implementação, desafios e etapas futuras para estender o jardim de aprendizado por toda área externa da escola. Os presentes realizaram uma visita guiada por todo o espaço, conhecendo as possibilidades de cada atividade e as habilidades e conhecimentos que podem ser trabalhados, pelas professoras da escola. Antes de preparar o local, foram feitas 53 oficinas com corpo docente da escola e com os alunos, que estiveram envolvidos em todo processo, construindo os materiais e projetando os sonhos e expectativas.

A coordenadora do Grupo Alfazendo, Iara Oliveira, destacou o quanto o Instituto desenvolveu a saúde e transformou o local ao longo dos anos. “As pessoas não têm noção da importância de Farmanguinhos na ampliação da saúde na Cidade de Deus e o quanto contribuiu para a qualidade de vida das pessoas e o desenvolvimento sustentável. Se hoje temos quatro clínicas da família é porque Farmanguinhos estava junto. É muito importante termos um órgão público dentro da Cidade de Deus, que pense em desenvolvimento integral da saúde e como um trabalho preventivo”, afirmou.  

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