Mês: outubro 2016 (Página 2 de 5)

Consórcio do Praziquantel Pediátrico lança novo sítio na internet

pzq-releaseFarmanguinhos integra a iniciativa que busca formulação do medicamento mais apropriada para as crianças

 

 

 

 


Com um novo sítio na internet, o Consórcio do Praziquantel Pediátrico é uma iniciativa conjunta internacional voltada para o desenvolvimento de uma formulação deste medicamento que seja mais adequada para as crianças menores de seis anos de idade. O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), por meio da Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico (CDT), representa o Brasil nesse grupo. Escolhido para ser o responsável pela fabricação do medicamento, a Unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também participa das demais etapas do processo de desenvolvimento.

Segundo o pesquisador Daniel Lacerda, que coordena o projeto na unidade, foram realizados estudos clínicos de fase I, além de um estudo comparativo de sabor entre as formulações desenvolvidas e o comprimido comercial. Atualmente, o projeto se encontra em fase de preparação para iniciar os estudos clínicos de fase II. “A previsão é de que no final de 2017 seja feita a primeira solicitação de registro do medicamento junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Brasil. Em paralelo, o Consórcio pretende pré-qualificar o produto na OMS (Organização Mundial da Saúde), a fim de facilitar o registro e distribuição do medicamento nos países africanos”, destaca.

O Praziquantel (PZQ) foi desenvolvido nos anos 70, mas até agora ainda não há uma formulação adequada para as crianças em idade pré-escolar. Sem tratamento, esta doença, relacionada à pobreza, principalmente pela falta de saneamento, pode levar à anemia, raquitismo, deficiência na capacidade de aprendizado e inflamação crônica dos órgãos. Esta pode ser fatal nos casos mais graves.

A Esquistossomose é considerada pela OMS a segunda principal doença parasitária e infecciosa, atrás apenas da malária. Para se ter uma ideia da gravidade da situação, dos mais de 249 milhões portadores desta patologia em todo o mundo, metade é constituída por crianças, sendo 10% do total com idades pré-escolares (abaixo de seis anos). Apesar deste indicador, o único fármaco empregado na terapia contra a doença, o Praziquantel, não é adequado ao grupo infantil.

Parceiros – O Consórcio Praziquantel Pediátrico foi estabelecido em julho de 2012 como a primeira parceria público-privada internacional sem fins lucrativos relacionada à luta contra a esquistossomose, e apoiada por líderes especializados mundialmente em doenças infecciosas parasitárias tropicais. Patrocinado pela Fundação Bill & Melinda Gates e pelo Global Health Innovative Technology Fund (GHIT), o Consórcio visa desenvolver e fornecer a formulação.

De acordo com Lacerda, a escolha dos parceiros foi definida a partir da expertise de cada um. Farmanguinhos, por exemplo, foi convidado por ser especialista na fabricação de produtos farmacêuticos em países endêmicos. Conheça os demais parceiros e suas respectivas especialidades:

Merck KGaA (Darmstadt, Germany) – Especialista no praziquantel, fornecendo apoio pré-clínico, de fabricação e regulatório. Responsável pelo programa de desenvolvimento clínico e patrocinador dos estudos clínicos;

Astellas Pharma Inc. (Japan) – Especialista em estratégias inovadoras de formulação de medicamentos e fornecedor de conselhos especializados ao desenvolvimento clínico;

Swiss Tropical &Public Health Institute – Especialista no campo de estudos clínicos em países endêmicos, epidemiologia e descoberta de medicamento antiesquistossomose;

TI Pharma – Especialista na gestão de parcerias público-privadas na pesquisa e desenvolvimento de medicamentos;

Simcyp – Especialista na modelagem farmacocinética.

 

10º ENIFarMed aborda políticas de acesso na área da saúde

10enifarmedO evento será realizado em são Paulo na semana que vem, 17 e 18 de outubro

 

 

 

 

Na próxima semana (17 e 18/10), será realizado o 10º Encontro Nacional da Inovação em Fármacos e Medicamentos (ENIFarMed). Nesta edição, o evento terá como tema central a “Retomada das Políticas Públicas de Acesso”. Veja a programação.

 

Segundo os organizadores, o tema mais do que oportuno: “depois de anos de políticas públicas para ampliar o acesso a medicamentos através do conceito de Complexo Industrial da Saúde (CIS), estamos com um quadro de completa indefinição quanto à continuidade dessas mesmas políticas”.

 

As inscrições pelo site se encerram hoje, mas poderão ser realizadas no local do evento. Clique aqui para saber mais.

 

 

A prevenção é fundamental

Esta foi a principal dica reiterada por ginecologista que falou sobre alguns tipos de tumores para colaboradores no âmbito da campanha As Cores do Bem


Para o Dr. Arthur Bastos, a prevenção é “arma” fundamental na luta contra o câncer de mama

Com intuito de trazer mais informações sobre o câncer de mama para os colaboradores do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) e pôr foco na prevenção de uma das doenças que mais matam mulheres no Brasil, o Departamento de Gestão da Saúde do Trabalhador (DGST) recepcionou, na manhã desta terça-feira (11), o médico Arthur Bastos, ginecologista da Policlínica da FioSaúde.

Prevenção sobre o Câncer de Mama, foi o tema principal abordado pelo ginecologista no “auditório” improvisado na área de convívio do Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM). Como a campanha As Cores do Bem não se restringe apenas a esse tipo de tumor, durante a palestra, Bastos informou aos participantes sobre outros tipos de cânceres, tais como o de ovário, o do colo de útero e o de mama em homens. Embora sejam poucos os casos no público masculino, eles ocorrem.

Logo no início da palestra, Bastos evidenciou o número elevado de mulheres no Brasil que são impactadas com o diagnóstico de câncer de mama. Também ressaltou que, com informação, prevenção e diagnóstico precoce, as três ferramentas que não podem ser esquecidas por ninguém, a chance de cura é elevada. “Após desmistificar a palavra câncer, falar sobre ele fica mais fácil. Hoje, temos em torno de sessenta mil novos casos por ano. Então, quando se consegue detectar um tumor cancerígeno em sua fase inicial, com o tratamento adequado, você consegue curar um paciente”, esclareceu.

Para o câncer de ovário, que é mais difícil de ser diagnosticado, segundo o médico, é importante as pessoas terem conhecimento dos sintomas, bem como dos fatores de risco e dos antecedentes familiares, tanto do lado materno quanto paterno. Já para os casos de câncer do colo uterino, que são causados pela infecção persistente pelo papilomavírus humano (HPV, na sigla em inglês), o uso de preservativos durante a relação sexual protege, parcialmente, do contágio por aquele patógeno.

Para a colaboradora do Setor de Limpeza, Daniele Nogueira Alves, obter informações sobre o autoexame da mama foi muito importante. “Periodicamente vou ao ginecologista, mas depois do que o palestrante falou, acredito que não estou sendo bem orientada”, informou.

Para Jeane Lopes das Virgens Alves, do Setor Contábil Fiscal, esse tipo de palestra tem que ter sempre na Unidade. “Muitas mulheres aqui em Far, precisam deste esclarecimento. Eu já tive câncer de mama e concordo com o palestrante quando ele falou sobre prevenção. Precisamos multiplicar essas informações para que haja uma redução destes diagnósticos”, propôs.

Clique aqui e veja o material apresentado na íntegra.

Fotos: Edson Silva

A importância dos primeiros cristais de insulina de Farmanguinhos

Fiocruz divulga carta aberta sobre PEC 241

fiocruzcastelo_destaque2No documento, a instituição alerta a sociedade, o Governo Federal e o Congresso Nacional para os impactos sobre direitos sociais, a saúde e a vida

 

Com informações da Agência Fiocruz de Notícias 

Instância colegiada que reúne a Presidência e as diretorias das unidades da Fundação Oswaldo Cruz, o Conselho Deliberativo (CD) da Fiocruz torna pública a carta aberta A PEC 241 e os impactos sobre os direitos sociais, a saúde e a vida. O documento alerta a sociedade, o governo federal e o Congresso Nacional sobre os efeitos negativos da Proposta de Emenda à Constituição 241/2016, assim como os de outros projetos em curso no Legislativo, que “conformam um projeto de revisão dos preceitos constitucionais de garantia do direito universal à saúde e desenvolvimento da cidadania, implicariam em danos significativos à saúde e à vida das pessoas”.

 

A carta foi aprovada depois de reunião aberta do CD Fiocruz (30/9), que reuniu em uma mesa-redonda o presidente da Associação Nacional do Ministério Público em Defesa da Saúde (Ampasa), Gilmar de Assis; o diretor-científico da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Jerson Lima Silva; dois representantes do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Wanderley Gomes da Silva e André Luiz de Oliveira; e o coordenador do Centro de Estudos Estratégicos da Fundação, Antonio Ivo de Carvalho; e o presidente Paulo Gadelha.

 

Leia na íntegra a carta do Conselho Deliberativo da Fiocruz: 

 

A PEC 241 e os impactos sobre os direitos sociais, a saúde e a vida

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição estratégica do Estado para a ciência e a tecnologia em saúde, dirige-se, por resolução de seu Conselho Deliberativo, ao conjunto da sociedade brasileira e, em especial, ao Governo Federal e o Congresso Nacional para alertar sobre os efeitos negativos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, assim como os de outros projetos legislativos em curso, que conformam um projeto de revisão dos preceitos constitucionais de garantia do direito universal à saúde e o desenvolvimento da cidadania e que, se aprovados, implicariam danos significativos à saúde e à vida das pessoas.

 

A proposição da PEC 241, em particular, parte do pressuposto de que os atuais problemas econômicos são decorrentes do excesso de gastos públicos com a sociedade. Com esse diagnóstico, cria-se um clima alarmista que justificaria a contenção de programas sociais e iniciativas redistributivas das últimas décadas, responsáveis pela redução, ainda que limitada, da enorme desigualdade social que a sociedade brasileira ainda enfrenta.

 

O envio ao Congresso Nacional da PEC 241/2016, instituindo o chamado Novo Regime Fiscal, representa e consolida a tese de que a forma exclusiva de enfrentar a crise fiscal é o corte de gastos sociais e, portanto, a restrição de direitos, mantendo ao mesmo tempo intocado o questionamento sobre a dívida pública e seu regime de juros que representam, estes sim, a razão maior do comprometimento do orçamento da União.

 

Através dos artigos 101 a 105 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, proposto pela PEC 241, cria-se um teto orçamentário definido pela inflação do período, que retira a progressividade dos direitos sociais e a autonomia da sociedade brasileira e do Congresso Nacional de ajustar o gasto público às dimensões de suas prioridades e estratégias de desenvolvimento econômico e social, ferindo o ordenamento da Constituição de 1988.

 

A PEC 241 prevê, que durante os próximos 20 anos, o orçamento seja acrescido apenas da variação inflacionária (INPC) sobre o valor de 2016. Considerando a prática corrente, que transforma os pisos fixados em lei para despesas de saúde e educação em tetos, isso significa que mesmo que a receita e o PIB cresçam acima da inflação, não haverá aumento de recursos para essas áreas.

 

Importante destacar recente simulação elaborada por técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para o caso da saúde, comparando com o que previa anteriormente a EC29 (executado no ano anterior + variação do PIB), ou a progressividade de percentuais sobre a Receita Corrente Líquida ( RCL), vigente a partir deste ano: a) caso essa PEC houvesse sido aplicada a partir de 2003, até o ano de 2015 teria havido uma perda de 42,1% dos recursos efetivamente aplicados no período, correspondendo a uma subtração equivalente a 257 bilhões de reais; b) sendo implementada a partir de 2017 e considerando 20 anos à frente, apontam perdas entre 654 bilhões e 1 trilhão de reais, dependendo do comportamento das variáveis PIB e RCL.

 

Hoje a literatura e as experiências internacionais apresentam evidências do fracasso das medidas de restrição de gasto público ou austeridade fiscal como estratégia de enfrentamento da crise e retomada do crescimento. Pelo contrário, cada vez mais são conhecidas experiências em que o reforço dos sistemas de proteção social gera maior rapidez na superação da crise, na retomada do crescimento e no combate ao desemprego.

 

Além disso, no caso do Brasil, tudo se passa como se o gasto realizado no setor saúde tivesse um efeito negativo na economia, elidindo para além de seu papel essencial de bem-estar da população, sua importância como complexo produtivo na formação do PIB. O efeito multiplicador do gasto em saúde é conhecido. Para cada R$ 1,00 gasto em saúde, verifica-se um incremento de R$ 1,70 no PIB. A educação e a saúde juntos têm efeitos multiplicadores fiscais superiores a três vezes.

 

No conhecido quadro de subfinanciamento do setor saúde, em que os gastos totais atingiram, em 2013, 8% do PIB, sendo apenas 45% de origem pública, ao contrário de outros países com sistemas universais em que essa parcela chega a 70%, o congelamento – na verdade continuado decréscimo – dos gastos em saúde, caso aprovada a PEC 241, levará a uma redução das ações atuais e à impossibilidade de atender novas demandas com impactos calamitosos.

 

O aumento populacional no Brasil e a alteração do perfil demográfico e epidemiológico, com predominância crescente da população idosa. A população idosa dobrará nas próximas duas décadas, atingindo em 2035 perto de 35 milhões de brasileiros (15,5 % da população). Nesse novo contexto, passam a predominar as doenças crônico-degenerativas, com a presença de cânceres, distúrbios cardiocerebrovasculares e transtornos cognitivos demandando assistência e cuidados prolongados. Inevitável, neste quadro, a elevação dos custos dos serviços, seja com a ampliação do tempo de internação e a adoção de tecnologias mais sofisticadas, seja pelas alterações de organização da rede assistencial, além da mobilização simultânea de múltiplas especialidades médicas e da expansão de serviços sociais e de apoio comunitário.

 

Estima-se que essa nova realidade, mesmo mantido o atual padrão tecnológico e o rol de serviços, já importará nos próximos 20 anos, ao contrário de congelamento, num necessário incremento de 37% nos gastos com atenção à saúde (fonte: Saúde Amanhã).

 

Os ganhos obtidos na diminuição da mortalidade infantil, decorrentes da expansão da iniciativa Saúde da Família, com o aumento da cobertura dos procedimentos de proteção à infância, além do êxito internacionalmente conhecido do Programa Nacional de Imunização, certamente serão contidos com limitações na incorporação de novas vacinas e, mesmo, na produção e distribuição das já existentes. A mesma consequência se dará quanto à limitação para incorporação de novos tratamentos, serviços de saúde e todo um conjunto de ações fundamentais para expansão e continuada modernização do Sistema Único de Saúde (SUS), ocasionando a sua degradação, perda de qualidade e cada vez mais restrições ao acesso da população. Uma verdadeira afronta às necessidades da sociedade!

 

Dentre tantos campos de atuação SUS, a recente expansão no acesso à assistência médica a dezenas de milhões de pessoas de áreas carentes, num esforço nacional sem precedentes, será contida. O controle da Aids; os transplantes; o acesso a medicamentos gratuitos e/ou fortemente subsidiados; a atenção materna; as clínicas de família; o acesso a exames e serviços hospitalares, serão reduzidos. 

 

Acrescente-se as restrições que serão impostas às ações de vigilância em saúde, elevando a exposição e risco das pessoas a doenças e ambientes inseguros. Cabe assim a pergunta: como assegurar controle de epidemias como zika, dengue e chikungunya, incluindo pesquisas, assistência, controle de vetores, medicamentos e vacinas necessárias, com congelamento de recursos? Em especial, o impacto sobre as pesquisas, fundamentais para novos produtos e novas soluções que já são subfinanciadas em nosso país, terá dimensão incalculável, comprometendo no longo prazo a capacidade de resposta e autonomia nacional.

 

Diante das proposições contidas na PEC 241, a Fiocruz, com sua centenária experiência em pesquisas e serviços para a melhoria da saúde pública no país, pode assegurar que os riscos e danos à saúde e à condição de vida das pessoas são inevitáveis.

 

Frente a tais riscos aos direitos sociais e à saúde humana, a Fiocruz se soma às instituições públicas e da sociedade civil e apresenta-se para o debate sobre alternativas de estratégias de enfrentamento da crise e dos desafios da saúde, em especial no delineamento de medidas capazes de apontar um caminho de desenvolvimento sustentável e equitativo para o país.  

 

Rio de Janeiro, 30 de setembro de 2016.

 

Conselho Deliberativo da Fiocruz”

 

 

 

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