Em meio a tantos acidentes ambientais nos últimos anos e a uma crise hídrica no estado do Rio de Janeiro, é importante fazer uma reflexão sobre as atitudes individuais e ações de responsabilidade ambiental praticadas pelas indústrias e empresas brasileiras, aprofundando as leis que fiscalizam e buscando alternativas para preservar e cuidar da natureza.

Em meio a tantos acidentes ambientais nos últimos anos e a uma crise hídrica no estado do Rio de Janeiro, é importante fazer uma reflexão sobre as atitudes individuais e ações de responsabilidade ambiental praticadas pelas indústrias e empresas brasileiras, aprofundando as leis que fiscalizam e buscando alternativas para preservar e cuidar da natureza.

As indústrias são responsáveis por 21% do consumo de água no mundo e, além de toda produção industrial, geram esgoto sanitário em grande quantidade. Esses resíduos são denominados efluentes.

Para o funcionamento de qualquer indústria, existem legislações que controlam o cumprimento de leis ambientais, garantindo que a empresa atue sem gerar impactos para o meio ambiente. Criada em 1998, a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998) prevê advertências, multas, paralisação temporária ou definitiva de organizações ecologicamente incorretas. O tratamento de efluentes segue as exigências legais de órgãos ambientais.

Os efluentes industrial e o sanitário são tratados na Estação de Tratamento do CTM, para somente depois de analisados, serem liberados no Rio Arroio Pavuna / Foto: Erica Duarte

Você sabia que Farmanguinhos tem uma Estação de Tratamento de Efluente que chega a 95% de eficiência de todo efluente da unidade? E que o local não tem rede coletora e todo efluente sanitário também é tratado aqui?

A gerente do Centro de Segurança do Trabalho e Gestão Ambiental (CSTGA), Denise Barone, explicou como a ETE foi sendo desenvolvida no CTM. “A Estação de Tratamento já existia no Complexo Tecnológico de Medicamentos, porém com o passar do tempo, fomos aprimorando e internalizando os serviços, adequando o laboratório, a mão de obra e agilizando os processos. Em 2014, desterceirizamos a ETE e, em 2016, obtivemos o credenciamento do laboratório. Além de reduzir gastos com empresas terceirizadas, conseguimos ter mais autonomia, independência e credibilidade”, ressaltou.

Como acontece?

Após as etapas físico-química e biológica, o efluente sai praticamente transparente, muito similar à água. / Foto: Viviane Oliveira

Todo o efluente do CTM é direcionado para a ETE, para ser tratado antes de ser despejado novamente no ambiente. O tratamento consiste na neutralização do resíduo líquido industrial, seguido de procedimentos biológico aeróbio.

O processo inclui várias etapas, desde físico-químicas e biológicas, além do uso de tubulações, bombas e materiais para que seja feito o devido tratamento, de modo que o efluente esteja sem vestígio de qualquer resíduo.

Amostra do efluente antes e depois do tratamento são analisadas pelo Núcleo de Tecnologia Ambiental (NTA) de acordo com valores de referência e cronograma semanal. Em 2016, após readequações, o laboratório foi credenciado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para analisar por completo a amostra, com a inclusão de mais cinco parâmetros credenciados, e emitir laudos das análises.

Antes do credenciamento, o laboratório fazia somente análises operacionais e encaminhava as amostras para que algum laboratório credenciado enviasse as análises para o órgão ambiental. Além de reduzir gastos com o serviço externo, o tempo de resposta melhorou muito e agilizou todo o processo. Para auxiliar nesse trâmite de credenciamento, os profissionais de Farmanguinhos visitaram a Gerência de Análises Laboratoriais (Gelab) do Inea e as estações de tratamento da Merck e da Cedae.

Equipe da ETE durante análise de PH. (Foto: Erica Duarte)

“O NTA é o único laboratório da Fiocruz credenciado pelo Inea. O nosso laboratório está a serviço da Fiocruz e não só de Farmanguinhos. De maneira geral, devemos atender a sociedade e temos um grande potencial de terceirização. Esses credenciamentos confirmam a eficiência do tratamento e transmitem credibilidade ao nosso trabalho”, explicou o responsável pelo NTA, Damázio Santos.

O laboratório participa também do Programa de Ensaios de Proficiência, no qual um laboratório externo creditado pelo Inmetro envia uma amostra desconhecida de água ou efluente para que o NTA faça a análise. Nestes ensaios são verificados o método de análise e a confiabilidade dos resultados. Nas duas participações, o Núcleo obteve resultados positivos.

Damázio Santos e Sonia Amaral são responsáveis por realizar todas as análises no Núcleo de Tecnologia Ambiental e rapidamente já retornam com os resultados das amostras. / Foto: Erica Duarte

É importante destacar que as análises físico-químicas são feitas antes e depois do tratamento do efluente, para que possa ser verificada a eficiência da estação.

Em fevereiro de 2020, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente esteve no CTM para visita técnica, a fim de renovar a licença ambiental da fábrica. Os fiscais ficaram surpresos com o resultado do efluente final, que é totalmente transparente, com característica visual surpreendente, bem próximo à água.

O Núcleo de Tecnologia Ambiental é coordenado pelo servidor Luciano Passos e gerenciado por Damázio Santos. Atualmente, ele integra a Seção de Tratamento de Efluentes, que também é coordenada pelo Luciano Passos e gerenciada por Erica Duarte. Ambos fazem parte da Divisão de Meio Ambiente, que tem a servidora Luciane Oliveira como responsável, e está subordinada ao CSTGA.

Erica Duarte, responsável pela ETE, Luciano Passos, quem coordena a Seção de Tratamento de Efluentes, Damázio Santos, responsável pelo NTA, e Denise Barone, gerente do CSTGA. / Foto: Viviane Oliveira

De olho no futuro – Sempre com uma visão sustentável, o CSTGA possui alguns projetos de melhoria, que estão em andamento ou em planejamento, como o reuso do efluente tratado para ser utilizado na limpeza dos pátios e irrigação de jardim, que está na fase de captação de recurso para a implantação. Há ainda o projeto de readequação e ampliação da ETE, com vistas à implantação de novas etapas de tratamento a fim de ampliar os tipos de efluentes a serem tratados.

Outro importante projeto, que facilitará e trará mais economia à instituição, é a caracterização do lodo gerado no processo, serviço a ser executado por um laboratório credenciado. Atualmente, todo o lodo é incinerado como resíduo perigoso, o que gera um custo maior à unidade. Com a implementação deste serviço, será possível identificar o tipo de resíduo e, com isso, definir a destinação final (se incineração ou aterro sanitário), diminuindo, assim, o custo.

Com o passar dos anos, Farmanguinhos ratifica a preocupação com a saúde e o bem-estar da população, ampliando a responsabilidade ambiental e com importantes atitudes para manter o equilíbrio da natureza.

Ainda dá tempo! Pare, avalie suas atitudes e aja de forma consciente e sustentável para proteger e cuidar do meio ambiente.