Além dos oito medicamentos do coquetel, em 2020, o Instituto obteve o registro do genérico clone de mais um antirretroviral, o Dolutegravir sódico

O Instituto de Tecnologia em Fármacos vem reforçando, ao longo de sua atuação, a preocupação com pacientes que vivem com HIV/Aids, a partir de investimento em estudos e novas formulações para o tratamento da doença. Neste Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro, a Unidade reafirma seu protagonismo no fornecimento dessa categoria de medicamentos, com a inserção de novos produtos distribuídos no Sistema Único de Saúde (SUS).

O Brasil é referência mundial na produção e acesso universal aos antirretrovirais, classe de medicamentos que age na inibição e multiplicação do HIV no organismo e, consequentemente, evita o enfraquecimento do sistema imunológico. Com parque fabril moderno e corpo técnico altamente qualificado, Farmanguinhos exerce uma função de protagonista no processo de consolidação dessa política nacional de distribuição gratuita de antirretrovirais.

Para se ter uma ideia da atuação do Instituto, dos 23 produtos que compõem o coquetel para a doença, oito são do portifólio ou já fornecidos por Farmanguinhos: Dolutegravir sódico, Efavirenz, Entricitabina + fumarato de tenofovir, Tenofovir + Lamivudina, Lamivudina, Lamivudina + Zidovudina, Nevirapina e Zidovudina.

O diretor Jorge Mendonça destaca a importância da atuação de Farmanguinhos na condução da produção pública de antirretrovirais. “O Brasil é referência internacional no tratamento de HIV/Aids e Farmanguinhos é fundamental na produção e distribuição dos medicamentos para o SUS, sendo referência na produção de Efavirenz, Nevirapina e Zidovudina, por exemplo. Ao longo dos anos, realizamos parcerias e internalizamos muitos destes produtos, ampliando o acesso, garantindo melhores expectativas de vida e o controle da doença. Além disso, o Instituto fornece um dos medicamentos usados na prevenção à infecção pelo HIV”, explica.

Profilaxia Pré-exposição – A afirmação do diretor refere-se ao Entricitabina+Tenofovir Desoproxila, usado na Profilaxia Pré-exposição ao HIV (PrEP). Desde 2019, Farmanguinhos assumiu o fornecimento deste medicamento, que combina dois princípios ativos num único comprimido. Trata-se de um esquema de prevenção à infecção por HIV, que consiste no uso diário do comprimido, que funciona como uma espécie de barreira química contra o vírus. O Brasil é pioneiro na América Latina a aderir à terapia. Vale lembrar que o melhor tratamento é a prevenção. Portanto, o medicamento não substitui o uso de preservativos.

Frutos de parcerias – Em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, a Unidade continuou trabalhando de forma ininterrupta e obteve dois grandes êxitos para os tratamentos de HIV/Aids. Em junho, foi concluída a fabricação dos lotes-piloto de Atazanavir. A produção pública foi viabilizada por um acordo de transferência de tecnologia do laboratório americano Bristol Myers Squibb para o Instituto por meio de uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP).

Em agosto, Farmanguinhos obteve o registro do genérico do Dolutegravir sódico. O medicamento será fruto de uma transferência de tecnologia, a partir de acordo com as farmacêuticas ViiV Healthcare e GSK. Pacientes que ainda não haviam iniciado o tratamento com outros antirretrovirais, ou apresentaram resistência aos medicamentos anteriores, foram beneficiados com o dolutegravir, que depois foi incluído nos protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas do HIV.

Trajetória com antirretrovirais – Para se ter uma ideia da importância de Farmanguinhos no histórico da doença, em 1999, o Instituto produziu o primeiro antirretroviral, a Zidovudina (AZT).  Outro grande marco para o país foi a produção e distribuição do Efavirenz, fruto do primeiro caso de licenciamento compulsório realizado no Brasil. Tal feito garantiu a soberania nacional quanto a esse medicamento, até então importado.

A atuação de Farmanguinhos no processo de internalização de tecnologias de medicamentos estratégicos, como os antirretrovirais, reduz custos e, consequentemente, favorece a ampliação do acesso a tratamentos mais modernos, conferindo maior qualidade de vida para as pessoas que vivem com HIV/Aids.