Agosto dourado reforça a importância do aleitamento materno para a saúde do bebê, os benefícios para as mães e a rede de apoio necessária

A cor dourada simboliza o padrão ouro de qualidade do leite materno, o qual é recomendado pelo Ministério da Saúde até os dois anos de idade ou mais e, de forma exclusiva, nos seis primeiros meses de vida, mesmo nas mães que tiveram casos confirmados de Covid-19.

Médica de Farmanguinhos, Dra Simone Cavalcante explica a importância do leite para o bebê e os benefícios que ele traz como principal fonte de alimento.

“O leite materno é o alimento mais completo e seguro sob o ponto de vista nutricional e funcional, pois além de nutrir, ele atua positivamente na estimulação de agentes imunoprotetores para o lactente. Este leite possui o equilíbrio entre seus componentes: água, proteínas, gorduras, vitaminas e as imunoglobulinas, que atuarão diretamente como anticorpos e estimularão futuramente a imunidade inata”, observa.

Outros benefícios também são comprovados, como redução dos riscos de sobrepeso, obesidade e diabetes na infância, redução de alergias e infecções respiratórias, construção de um micro bioma intestinal saudável e o desenvolvimento neuromotor e cognitivo, contribuindo para sua intelectualidade futura.

 A médica ressalta ainda que o vínculo psicoafetivo único, entre a mãe e o filho, estimula e aumenta a produção de um neuro hormônio chamado ocitocina, conhecido popularmente como o “hormônio do amor”. Além do melhoramento hormonal, a amamentação também propicia outros benefícios para a mãe.

“A ocitocina atua na mãe trazendo acolhimento e bem-estar, favorecendo também a produção do leite. A mãe que amamenta tem uma série de benefícios, entre eles: diminuição da depressão pós-parto, controle da natalidade, redução das chances de câncer de mamas e ovários”, destaca Drª Simone Cavalcante.

Rede de apoio na Instituição – Em Farmanguinhos, o Departamento de Gestão da Saúde do Trabalhador  oferece o Programa de Gestantes que, além de abordar temas pertinentes à gestação e ao parto, explica assuntos referentes à amamentação, como vantagens do aleitamento, cuidado com as mamas, verdades e mentiras da amamentação. Com o auxílio de bonecos, as profissionais do programa ainda demonstram como ajudar o bebê a mamar corretamente, posições, sucção, a extração do leite (manual e com bombas de extração) e destacam a importância de uma rede de apoio, como o familiar, durante o aleitamento.

Desde 2017, o departamento montou a Sala de Amamentação, certificada pelo Ministério da Saúde, e oferece a possibilidade de as mães que retornam da licença maternidade continuarem com a amamentação, mesmo já em suas atividades laborais. O ambiente oferece privacidade, acolhimento, materiais descartáveis e condições adequadas padronizadas para a extração e armazenamento do leite materno.

“A sala está disponível para qualquer funcionária lactante que trabalhe em Far. Usualmente as lactantes a utilizam em média duas ou três vezes ao dia para retirar e acondicionar o leite no freezer, que é verificado sempre no início e final dos plantões. A lactante se identifica no balcão do departamento e pode levar o frasco esterilizado para armazenamento e a bomba extratora, se for o caso, e coloca a etiqueta de identificação. No final do expediente, a lactante buscará o seu frasco para levá-lo para casa”, explica a médica do trabalho.

Mãe da pequena Letícia, de um ano e um mês, a colaboradora Karen Gonçalves lembra-se das dificuldades que enfrentou para amamentar a filha ao longo destes 13 meses.

“A amamentação não é um caminho fácil, não é instintivo, no começo é tudo bastante doloroso e cansativo, mas o mais difícil é estar vulnerável aos profissionais que ainda não apoiam a causa e seguem logo o caminho da prescrição de fórmulas infantis sem auxiliar a mãe no processo de amamentar. Infelizmente, passei por isso logo no começo e quase não conseguimos, mas com a ajuda de uma consultora em amamentação tudo ficou mais leve. Fizemos acompanhamento e aleitamento misto até o final do segundo mês, sem mamadeira, sem bicos artificiais e conseguimos restabelecer a amamentação por completo e manter o leite como fonte de nutrição exclusiva até sexto mês. Graças ao apoio de profissionais engajados nesse tema tão importante, tive o privilégio de amamentar minha filha e continuar até hoje. Além disso, toda a estrutura disponível em Farmanguinhos para que eu pudesse retornar ao trabalho e manter a amamentação foi fundamental”, destaca a colaboradora, que utilizou a sala de amamentação.

Para Karen, que atua na Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico (CDT), o espaço para retirada do leite foi fundamental para auxiliar e permitir a manutenção desse ato saudável, importante e fundamental para os bebês.

Érica Daemon, da Assistência de Assuntos Regulatórios (VDGQ), utilizou a sala de amamentação por cinco meses para alimentação do filho Erick, que vai completar 11 meses em setembro.

“Gostei muito do espaço dedicado para a extração do leite materno. É um ambiente reservado e tranquilo, composto por uma geladeira onde pude armazenar meu leite com segurança e retirar no final do expediente. Amamentei meu filho Erick até os 10 meses e, após o retorno da licença maternidade, o espaço foi fundamental para continuar com a amamentação”, ressalta.

Doação de leite – O Brasil possui 222 bancos de leite humano e 219 postos de coleta. Os estoques são destinados a alimentar bebês prematuros e/ou de baixo peso internados em UTIs neonatais durante todo o ano. O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) possui o Centro de Referência Nacional para Bancos de Leite Humano, que recebe doação de leite. Para mais informações, entre em contato pelo telefone gratuito 0800 268877 ou no site

Em 2020, cerca de 181 mil mulheres doaram mais de 226 mil litros de leite materno. Neste ano, até junho, foram doados 111,4 mil litros.