Com trabalho sobre a síntese da isoniazida, a pesquisadora Núbia Boechat e o Departamento de Síntese são contemplados na categoria empresa

A pesquisadora e vice-diretora de Educação, Pesquisa e Inovação, Núbia Boechat, foi coordenadora do projeto e possui uma extensa trajetória com 35 anos de pesquisas científicas. / Foto: Viviane Oliveira

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) foi contemplado com o 4º Prêmio Kurt Politzer de Tecnologia, organizado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Coordenado pela vice-diretora de Educação, Pesquisa e Inovação, Núbia Boechat, e executado pelos pesquisadores do Laboratório de Síntese, Frederico Castelo Branco e Carolina Catta-Preta, o projeto Otimização da síntese de isoniazida com reatores de microfluídica é fruto da parceria entre a unidade e o SENAI/CETIQT.

O prêmio tem como objetivo estimular a pesquisa e a inovação na área química, reconhecendo projetos de inovação tecnológica que demonstrem a inventividade e a criatividade de empresas e pesquisadores. Segundo os responsáveis, este trabalho possui grande relevância no processo de produção da isoniazida. O medicamento é utilizado no tratamento da tuberculose, tanto na fase intensiva quanto na manutenção do tratamento da fase ativa, além de ser usada para tratar a tuberculose latente. A doença é considerada uma das dez principais causas de morte em países em desenvolvimento.

 “Com o método desenvolvido, o tempo reacional para obtenção do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) da isoniazida foi reduzido em 250 vezes, e o rendimento global aumentado em 45%. Portanto, esse projeto gerou um ganho efetivo para o processo de síntese desse importante fármaco para o Sistema Único de Saúde (SUS) e para o tratamento da tuberculose em todo o mundo”, ressalta Núbia Boechat.

Além de fazer parte do portfólio institucional, a isoniazida é usada na formulação do 4×1, medicamento em dose fixa combinada deste fármaco com outros três medicamentos: rifampicina, pirazinamida e etambutol. A vice-diretora explica que o IFA é importado da Ásia, produzido por um processo mais convencional. Já este novo processo trará grandes benefícios. “Nós poderemos negociar a transferência de tecnologia para alguma indústria farmoquímica interessada, tendo o potencial de reduzir os custos deste IFA para Farmanguinhos”, detalhou.

A unidade venceu na categoria empresa, reforçando o protagonismo não somente como indústria farmacêutica, como também um instituto de pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos voltados para a inovação, educação e saúde pública brasileira.

Empresas de tecnologia de ponta e altamente inovadoras ganharam o prêmio nas edições anteriores. Desta forma, estar ao lado dessas organizações só mostra que estamos no caminho certo para desenvolver as nossas linhas tecnológicas e trazer avanços para a nossa instituição em consonância com o que há de mais moderno no mundo nesta área. É o reconhecimento do grande esforço de nossas equipes, que se superaram superar ainda mais, considerando que parte do projeto foi desenvolvida em meio às restrições da pandemia de Covid-19”, frisa Núbia Boechat.

A premiação recebeu o nome de Kurt Politzer em 2011, uma homenagem mais do que merecida a Kurt Politzer, doutor, professor de química e um dos mais importantes personagens da história da química do Brasil. Ao longo dos anos, cerca de 30 empresas e 20 pesquisadores já foram premiados.

A Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especificidades (Abifina) fez uma referência a Farmanguinhos e aos pesquisadores da Instituição, destacando a importância deste prêmio e de outras premiações de grande importância recebidas em 2021.