Sociedade Americana e brasileira de química realizam prêmio para destacar as mulheres brasileiras em química e vice-diretora é reconhecida pelos 35 anos de atuação na área

Dra. Núbia Boechat possui 35 anos como pesquisadora, 127 artigos publicados e 48 patentes. / Foto: Viviane Oliveira

A vice-diretora de Educação, Pesquisa e Inovação de Farmanguinhos, Núbia Boechat, venceu o 4º Prêmio Mulheres Brasileiras em Química e Ciências Relacionadas, na categoria Líder na indústria.  A premiação foi concedida pela Sociedade Americana de Química (ACS, sigla em inglês), em parceria com a Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e aconteceu durante a cerimônia virtual da 44ª Reunião Anual da SBQ.

A premiação na categoria Líder na Indústria foi um reconhecimento pelo trabalho no desenvolvimento de novos medicamentos no combate à leucemia e Aids. Com uma trajetória de 35 anos de dedicação como pesquisadora, 127 artigos publicados e 48 patentes, a homenageada foi responsável por coordenar inúmeras sínteses totais de importantes fármacos para a saúde pública, com algumas destas tecnologias transferidas para a indústria farmoquímica nacional.

Durante a premiação, Dra. Núbia apresentou um pouco da sua trajetória e citou instituições e profissionais importantes ao longo de sua vida profissional e pessoal.  “Este prêmio de reconhecimento tem um grande peso, principalmente, por marcar a minha trajetória que une tecnologia e ciência aplicada. Sempre dividi a minha carreira entre essas vertentes para estudar a química medicinal, principalmente porque estamos dentro de uma indústria farmacêutica. Gostaria de agradecer a Farmanguinhos e à Fiocruz por todas as oportunidades, às agências de fomento, aos meus amigos Jorge Mendonça, Monica Bastos, Lúcia Mayer e Paulo Sá, e à minha família, meu amor, Roberto, e meus filhos, nora e neta”, falou, de forma emocionada a pesquisadora.

Na Fiocruz desde 1986, a vice-diretora lidera um dos mais importantes grupos de pesquisa e desenvolvimento em síntese de fármacos do estado do Rio de Janeiro, visando a produção pública de fármacos e medicamentos. Além da parte científica e industrial, a pesquisadora sempre esteve presente em cargos de grande atuação e confiança, sendo diretora do Instituto entre os anos de 2003 e 2005, representante nos Conselhos Deliberativos de Farmanguinhos e da Fiocruz e, atualmente, coordena o projeto de implantação do Centro Nacional de Referência em Síntese de Fármacos (CRSF) da Fiocruz, que será instalado no Parque Tecnológico da UFRJ.

Farmacêutica, com mestrado e doutorado em Química Orgânica e pós-doutorado em Londres, Boechat é Bolsista em produtividade do CNPq, Cientista do Nosso Estado pela Faperj, e foi contemplada em outros editais e premiações no Brasil, como a medalha Walter Baptist Mors, pela SBQ, e a medalha de mérito científico comemorativa, pelo centenário da descoberta da Doença de Chagas, em 2018.

“A ciência é um processo de construção contínua. Todas as grandes descobertas e inovações científicas são decorrentes de ideias e trabalhos anteriores. Me orgulho de ter sido corajosa em enfrentar os desafios que surgiram no meu caminho e ter transformado alguns em legados para o SUS. Eu espero que o meu trabalho, a minha história, sirva como ideias e inovações para as gerações futuras. A ciência não se esgota. Por isto, ainda tenho muitas coisas para realizar na ciência e na gestão”, afirmou Dra. Núbia.

Mulheres Brasileiras em Química e Ciências Relacionadas – o prêmio visa reconhecer as mulheres cientistas que tenham feitos e contribuições para a Química e ciências relacionadas. Outorgado pela primeira vez em 2018, o prêmio tem o objetivo de promover a igualdade entre gêneros na Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) no Brasil e na América Latina e de avançar na compreensão do impacto da diversidade na pesquisa científica e no campo da química.

O painel concedeu prêmios em três categorias, líder emergente na química e ciência relacionadas, liderança na indústria e liderança na academia, respeitando alguns critérios, como números de patentes ou publicações, envolvimento em atividades de divulgação científica, atividades de voluntariado, premiações, impacto de suas pesquisas para o avanço da Química ou ciências relacionadas para proporcionar um benefício maior à sociedade, entre outros.  

Cada vencedora receberá de US$ 2 mil (cerca de R$ 11 mil) em dinheiro, um SciFinder ID válido por três anos, assinatura gratuita da ACS por três anos e um certificado de prêmio e troféu.