Totalmente automatizado, o sistema aumentou a capacidade de armazenamento e de pontos de distribuição, suprindo todas as demandas da fábrica

Novo Sistema de Geração e Distribuição de Água Purificada aumentou significativamente a capacidade de armazenamento e de pontos de distribuição de água, suprindo todas as demandas da fábrica (Foto: Alexandre Matos)

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) concluiu a implementação de seu novo Sistema de Geração e Distribuição de Água Purificada. Mais moderno e totalmente automatizado, o sistema aumentou significativamente a capacidade de armazenamento e de pontos de distribuição de água, suprindo todas as demandas da fábrica. Mais do que a utilização nos processos de limpeza dos equipamentos, a água purificada é uma matéria-prima essencial na produção de medicamentos.

Na cerimônia de descerramento da placa de inauguração, realizada nesta quarta (1º/12), o diretor Jorge Mendonça ressaltou a importância que o novo sistema representa para a unidade. “A estratégia de investir em infraestrutura, como um novo sistema de geração e distribuição de água purificada, visa não só atender a legislação sanitária, como também prover a sustentabilidade de Farmanguinhos a médio e longo prazos, garantindo, assim, nossas atividades fabris”, destacou.

Elda Falqueto, Jorge Mendonça, Vânia Buchmuller, Silvia Santos e André Cordeiro. Em reconhecimento pelos esforços empregados no processo de implementação do novo sistema, o diretor agradeceu todo o empenho das áreas envolvidas e frisou que é motivo de orgulho (Foto: Viviane Oliveira)

Além do diretor Jorge Mendonça, da vice-diretora de Operações e Produção, Elda Falqueto, e de representantes das áreas envolvidas no processo de implementação do novo sistema, a solenidade contou com a presença  da chefe de Gabinete, Vânia Buchmuller, da vice-diretora de Gestão Institucional, Silvia Santos, e do vice-diretor de Gestão do Trabalho, André Cordeiro.

Responsável pelo Serviço de Águas Industriais, vinculado à Vice-diretoria de Operações e Produção (VDOP), Ivaneide Brandão explica que o sistema de água tem um grau elevado nas auditorias de Boas Práticas de Fabricação (BPF), visto que esse elemento tem contato direto com os Insumos utilizados na formulação, o que pode influenciar na qualidade do produto. Dentre os benefícios, o sistema conta com monitoramento online de todos os 34 pontos de utilização que a Produção dispõe atualmente, além de controle de integridade de dados e outros requisitos preconizados na RDC 301 (Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa).

“Trata-se de um sistema prioritário no processo da indústria farmacêutica, uma vez que, sem a água purificada, não há como fabricar o medicamento e lavar os equipamentos dentro dos parâmetros de qualidade exigidos. O sistema anterior atendia aos requisitos, mas, além de bastante antigo, a atual legislação trouxe novas exigências. Hoje, temos um sistema completamente modificado e dentro do que é preconizado pela legislação vigente (RDC 301), com os pontos de uso automatizados e instalação em aço inox 316, por exemplo”, frisa.

Vice-diretora de Operações e Produção, Elda Falqueto explicou que, com a ampliação dos pontos de distribuição, a coleta é feita no próprio ambiente onde o medicamento é produzido, sem a necessidade de deslocamento do operador (Foto: Viviane Oliveira)

Equipes envolvidas – A vice-diretora de Operações e Produção, Elda Falqueto, fez questão de agradecer a todas as áreas envolvidas para tornar o projeto uma realidade. “Além do Serviço de Águas Industriais, responsável pela operacionalização do sistema, a conclusão do projeto só foi possível porque teve a união e o comprometimento de várias áreas de Farmanguinhos. Projetos Industriais atuou na elaboração e execução da obra, o Serviço de Validação vem trabalhando no processo de certificação, além de outras áreas administrativas da unidade, que apoiaram em todas as etapas fundamentais”.

Elda Falqueto destacou ainda que, com o novo sistema, é possível otimizar o trabalho, além de reduzir a possibilidade de falhas. “Temos um sistema de geração e distribuição de água para manter ligado 24 horas por dia para não haver contaminação biológica. Hoje, podemos dizer que estamos no mesmo nível das multinacionais”, ressalta a vice-diretora.

A matéria-prima para a fabricação é comprada de outros laboratórios, mas a água purificada é gerada na própria unidade. Farmanguinhos recebe a água potável e a purifica para garantir a eficiência do processo sem perda de etapas, desperdício de matéria-prima ou atraso na entrega do produto final.

Ao centro, Ivaneide Brandão com a equipe de Águas Industriais, que coordenou todo o processo de implementação do novo sistema, da elaboração à conclusão (Foto: Viviane Oliveira)

Neste sentido, a vice-diretora explicou que esse investimento no parque fabril teve como objetivo principal atender as exigências regulatórias e garantir a certificação em BPF. “Com um sistema de água purificada dentro das condições sanitárias, atendendo os a unidade, evita-se a interrupção do processo produtivo e, consequentemente, eventuais perdas de lote ou atraso na entrega dos medicamentos para o Sistema Único de Saúde (SUS)”.

Benefícios – Ao todo, a implementação do novo sistema demorou pouco mais de um ano para ser concluída. Foi elaborado em 2019 e começou a ser executado já em 2020. Apesar de alguns atrasos decorrentes da pandemia, foi possível concluir sem prejuízos. “O projeto veio justamente para suprir a necessidade de entregar água purificada automaticamente em pontos específicos, principalmente na Produção.  Agora, o operador não precisa mais sair da sala para buscar água em outro ponto. A coleta é feita no próprio ambiente onde o medicamento está sendo produzido”, observa Elda Falqueto.

O aumento da demanda e o funcionamento da fábrica nos três turnos aceleraram a necessidade de aquisição do novo sistema mais robusto e capaz de atender a variedade de linhas produzindo simultaneamente e em diferentes pavimentos. Para se ter uma ideia da dimensão que essa conquista representa, Farmanguinhos saltou de 14 para 34 pontos de distribuição. O tanque anterior tinha capacidade de 2,3 mil litros, o atual é de 7 mil. O sistema anterior gerava mil litros de água purificada por hora, o atual gera 3 mil litros.

A Diretoria de Farmanguinhos com representantes das equipes envolvidas no processo de implementação do sistema de Geração e Distribuição de Água Purificada (Foto: Viviane Oliveira)

O engenheiro Lucas Mattos, que atua no Departamento de Projetos Industriais, elenca outros benefícios a partir da implantação do novo sistema. “O processo foi totalmente automatizado com sistema comandado por painéis. Isso confere mais praticidade e segurança. Se a tubulação estiver passando por sanitização, por exemplo, um sistema computadorizado gerencia essa manutenção e não permite que os pontos sejam abertos, já que a água estará imprópria para uso. Nossa capacidade aumentou substancialmente, conseguindo suprir a fábrica como um todo. Caso tenha pouca água e se for necessário racionar para atender uma demanda alta (com muitos pontos abertos), o sistema define uma prioridade de uso e não permite que novos sejam abertos”, explica.

Questão de qualidade – A qualidade da água adquire algumas funções importantes na indústria farmacêutica. Mesmo sendo considerada própria para o consumo, a água potável ainda possui substâncias que podem comprometer as propriedades das formulações. Com isso, é preciso passar por um sistema purificador a fim de evitar que essas impurezas alterem o resultado final.

Portanto, o processo de purificação da água para uso farmacêutico é baseado na eliminação dessas impurezas físico-químicas, biológicas e microbianas até se obter níveis preestabelecidos pelas autoridades sanitárias, como a Anvisa, por exemplo. O cumprimento das normas está dirigido à diminuição dos riscos, em qualidade e especificidade, associados a cada elemento da cadeia produtiva. A validação e qualificação de sistemas de água é a garantia de que toda essa cadeia não será comprometida e que os produtos finais terão a qualidade assegurada

Segundo o diretor Jorge Mendonça, o investimento visa a atender a legislação sanitária, garantindo a qualidade dos medicamentos e prover sustentabilidade institucional (Foto: Viviane Oliveira)