Ano: 2019 (Página 16 de 26)

Laboratório de Micro e Nanotecnologia

Beatriz Patrício, doutora em Biofísica, realiza análises de estabilidade de emulsões e suspensões na Turbiscan, na área analítica

O advento da tecnologia surgiu com equipamentos grandes, robustos, para oferecer novas descobertas, praticidade e conectar a população. Com o passar dos anos, a inovação proporcionou máquinas muito menores, com diversas funções compactadas, mais agilidade, exatidão e conexão. Pensando nessas dimensões cada vez muito menores, as micro e nanopartículas estão sendo muito utilizadas em variados segmentos, inclusive para os medicamentos, sendo consideradas a nova revolução industrial.

Em Farmanguinhos, o Laboratório de Micro e Nanotecnologia (LMN), ligado ao Departamento de Inovação Galênica, da Vice-diretoria de Educação, Pesquisa e Inovação (VDEPI), realiza pesquisa e atua no desenvolvimento tecnológico, através destes elementos que são medidos em nanômetros, sendo um nanômetro equivalente a um bilionésimo de metro.

O responsável pelo LMN, Helvécio Rocha, explicou a utilização destas partículas na área farmacêutica.

“A nanotecnologia opera tanto na inovação incremental, de trazer melhorias para algo já existente, quanto na inovação radical, onde é fundamental para existência do desenvolvimento de uma determinada molécula. Ela é muito utilizada para poder direcionar a molécula para o alvo em que se deseja a atuação e, por exemplo, no tratamento do câncer, isso faz toda a diferença para tratar direto no foco e diminuir os efeitos colaterais e a toxicidade.  É aplicado para as mais diversas patologias, doenças de alto custo e negligenciadas e ainda nas mais variadas vias de administração, como intravenosa, oral, tópica,…”, descreveu.

Helvécio ainda revelou que a nanotecnologia é aplicada em diversos segmentos, como nas áreas de petróleo, militar, automobilística, para peças de avião, pelo fato de ser mais leve e resistente que o aço e, até mesmo, para coletes à prova de bala.

No Instituto, o laboratório, criado em 2011, era ligado à Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico, chamado de Laboratório de Sistemas Farmacêuticos Avançados (LaSiFA). Após aprovação de dois projetos de maior aporte financeiro, conseguiu um espaço próprio no Prédio da Expansão, em Manguinhos. O espaço foi montado com mais de 20 equipamentos modernos, distribuídos nas áreas analítica e de processamento.

Marcelo Chaves, mestre em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento na Indústria Farmacêutica, durante o processo de moagem no Moinho Coloidal, na área de processamento do laboratório

Linhas de pesquisa e números – Atualmente, o LMN possui três linhas de pesquisa: Ciência e engenharia de materiais, Micro e nanotecnologia e Regulação, voltada para o desenvolvimento de fármacos e medicamentos. Além disso, o laboratório é uma plataforma de prestação de serviços e já realizou mais de 100 análises externas. São realizadas parcerias com seis unidades da Fiocruz, como Bio-manguinhos, IOC, INCQS, entre outras, e com 22 laboratórios de instituições diferentes, como UFRJ, UFF, entre outras instituições do Rio de Janeiro, Minas Gerais e da Bahia.

É importante destacar que, hoje em dia, o laboratório conta com o trabalho de três doutores, dois mestres e os bolsistas de iniciação científica, mestrado e, em breve, doutorado. O laboratório tem sete projetos aprovados, com fomentos para pesquisa ou bolsas e seis alunos internos e externos em orientação. Ao todo, 25 alunos de mestrado já foram orientados e, desde 2011, foram publicados mais de 25 artigos. O laboratório também conquistou 19 prêmios nacionais e internacionais.

Micropartículas de nanocristais de efavirenz, produzidos por moinho de pérolas e secagem por spray dryer

Helvécio destaca uma pesquisa que tem a perspectiva de produto mais forte, que é a anfotericina B, utilizado para tratamento de leishmaniose e outras doenças fúngicas. “Atualmente só existe via injetável, onde o paciente deve ser internado para que possa ser medicado. Estamos desenvolvendo ele para administração via oral, na fase de formulação de protótipo e na fase pré-clínica, os testes in vivo já estão sendo realizados. Além do produto em si, o domínio da tecnologia é muito importante para que possa ser aplicado em outras pesquisas”, contou.

Além do LMN, dentro da Fiocruz, outros laboratórios estudam a micro e nanotecnologia. Por isso, foi criado um grupo chamando de FioNano, para que houvesse mais integração entre as Unidades. Para Helvécio, na área da saúde, principalmente nas vacinas e no diagnóstico, a tecnologia já é muito utilizada e a complementariedade entre os parceiros é fundamental.

“Podemos dizer que a nanotecnologia é multidisciplinar ou transdisciplinar, porque dificilmente conseguimos fazer sozinho. Nós, por exemplo, fazemos somente testes in vitro no laboratório e, quando precisamos de testes in vivo ou microscopia, contamos com nossos parceiros”, esclareceu Helvécio. 

Prospecções e desafios – Como objetivos a curto e longo prazo, o laboratório pretende finalizar os projetos que estão em fase de desenvolvimento, consolidar o serviço de plataforma de prestação de serviço, devido à importância deste trabalho para Farmanguinhos e para a Fiocruz como um todo, e dar encaminhamento para o Sistema da Qualidade do laboratório, com a conquista de certificações, como Boas Práticas de Laboratório e a ISO 9001.

Helvécio destaca a industrialização como um dos desafios da nanotecnologia. “Na maioria das vezes temos bons resultados em laboratório, mas nem todas as empresas tem domínio e tecnologia suficiente para aplicar em uma escala de mercado. O Brasil precisa ainda avançar nesse sentido. Na área farmacêutica é sempre um pouco mais lento, pelo fato do processo regulatório ser mais complexo”, revelou.

Mesmo enfrentando alguns gargalos do país, o laboratório acredita na tecnologia portadora do futuro e no alto potencial de mercado que ela apresenta. Farmanguinhos possui uma equipe altamente especializada no assunto, equipamentos de ponta, que poucos laboratórios têm, e abordagens e tecnologias absorvidas para diversas aplicações.

Equipe do LMN, formada por Beatriz Patrício, Helvécio Rocha, Livia Prado, Marcelo Chaves, Francisco Júnior e Flávia Paiva

Cursos de sistemas de patentes e química medicinal

Inscrições encerradas

Programação e inscrições:

Sistema de patentes como subsídio à Pesquisa e Desenvolvimento

Tecnologia e Estratégias em Química Medicinal

Livia Prado é Gente de Far

A olho nu, ela tem um jeitinho de menina, mas quando começamos a aprofundar o processo de separação dos componentes, da mistura da profissional e mulher Livia Prado, desvendam-se os muitos cristais que a formam. A partir dessa associação ao processo de cristalização, tão estudado e vivenciado por ela, podemos começar a falar da mais nova doutora e servidora da Fiocruz, coordenadora de um dos cursos Lato sensu de Farmanguinhos, orientadora de alunos de Iniciação Científica e ainda mãe de primeira viagem, do pequeno Felipe.

A farmacêutica realiza atividades de cristalização e caracterização do estado sólido no Laboratório de Micro e Nanotecnologia, no Prédio da Expansão, em Manguinhos

Há 12 anos, Livia Prado iniciou na carreira científica, pelo interesse em pesquisas e na área de Farmácia Industrial. Inicialmente, em 2007, ingressou no Departamento de Síntese, como aluna de Iniciação Científica. Em 2010, formou-se em Farmácia Industrial e já emendou no mestrado em Química, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Na época, Livia contou com Helvécio Rocha, então coordenador do Laboratório de Sistemas Farmacêuticos Avançados (LaSiFA), como coorientador na dissertação,com uma parceria com o Laboratório de Tecnologia Farmacêutica (LTF), que cedia o espaço para o desenvolvimento do projeto.

Livia e a equipe do Laboratório de Micro e Nanotecnologia no campus Manguinhos

Contratada em 2012, a farmacêutica integrou o LaSiFA, onde pôde aprofundar os conhecimentos obtidos sobre a pesquisa relacionada à cristalização e caracterização do estado sólido e aplicou para dois fármacos. “Realizamos diversas pesquisas na área dos estados sólidos, para avaliação de estruturas cristalinas e melhorias de propriedades farmacêuticas, as quais, no mestrado, apliquei em dois fármacos: o antiparasitário mebendazol e o anti-hipertensivo carvedilol”, explicou.

Além de agregar a linha de caracterização do estado sólido ao laboratório de nanotecnologia, agora chamado de Laboratório de Micro e Nanotecnologia, ligado à Vice-Diretoria de Educação, Pesquisa e Inovação (VDEPI), uma das competências que despertam o interesse da Livia é fazer parcerias e conseguir bolsas para os projetos do departamento.

A aproximação dos bolsistas e alunos de iniciação científica, que estão ainda no ensino médio e superior, renova e gratifica a profissional, que é orientadora e coorientadora de muitos projetos do Programa de Vocação Científica (Provoc) e de Iniciação Científica (PIBIC).

O envolvimento e a contribuição na área da educação ainda cresceram quando Livia se tornou, em março de 2017, coordenadora da Especialização em Tecnologias Industriais Farmacêuticas, trazendo novos conceitos, métodos e atualizações do contexto nacional e internacional na área para o curso Lato sensu de Farmanguinhos.

“Para esses jovens, tudo é novidade e eles demonstram um encantamento no olhar. É muito bom poder transmitir conhecimento e ver o quanto eles confiam na gente. Depois da orientação, ainda continuamos fazendo parte da vida deles, dando apoio e sugestões”, destacou Livia.

Além das conquistas profissionais, em julho de 2018, o Felipe, filho da Livia, veio ao mundo, trazendo outras novas experiências, desafios e adaptações, até mesmo para o retorno à rotina de trabalho. “É cansativo, mas é muito prazeroso. Estou vivendo esse momento de dedicação à maternidade e às novas descobertas. Adoro ir à praia com ele, meu marido, amigos, para relaxar e passar o dia”, contou. Mesmo com a correria e as muitas responsabilidades, ela ainda encontra um tempo para curtir uma música, que, por sinal, ela mesma a considera bem eclética. Inclusive, a profissional ainda lembra de uma das muitas coisas boas que a farmácia deixou, que foi o gosto pelo samba e pagode, desde os encontros com a banda formada pelos colegas de faculdade da época.

Posse como pesquisadora da Fiocruz no dia 13 de maio

E engana-se quem acha que parou por aqui… 2019 veio com mais duas grandes conquistas! No início de maio, a nova doutora em Química, pela UFF, defendeu a tese “Estudos avançados de caracterização de cristais do carvedilol” e concluiu mais uma importante etapa.

Além disso, após uma longa espera, a profissional que era terceirizada da Unidade tomou posse como servidora pública da Fiocruz e atuará no Laboratório de Desenvolvimento e Validação Analítica (LDVA), da Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico. Livia foi aprovada no concurso de 2016 e comemora a convocação. “Depois de tanta luta, é uma realização. Essa nossa área requer muito estudo para sempre se atualizar em novas técnicas, equipamentos e metodologias. Agora é continuar focada no trabalho, como pesquisadora, orientar novos alunos, conseguir financiamentos e desenvolver cada vez mais a Educação em Farmanguinhos”, concluiu.

Chamada Pública 03/2019

Seleção do insumo farmacêutico (excipiente) cápsulas duras de gelatina vazias

PERÍODO: 28/05/2019 A 27/06/2019

A Comissão de Padronização do Instituto de Tecnologia em Fármacos – Farmanguinhos/FIOCRUZ, no uso de suas atribuições, faz saber que, está realizando CHAMAMENTO PÚBLICO PARA SELEÇÃO DO INSUMO FARMACÊUTICO (EXCIPIENTE) CÁPSULAS DURAS DE GELATINA VAZIAS, PARA POSTERIOR PROCEDIMENTO DE PADRONIZAÇÃO, através do Processo nº 25387.100166/2019-87. Período de divulgação e retirada do edital: 28/05/2019 a 27/06/2019, no site www.far.fiocruz.br, ou no endereço: Av. Comandante Guaranys, 447 – Curicica – Jacarepaguá – Rio de Janeiro – RJ – CEP 22775-903. Neste mesmo período e endereço, estará recebendo documentação dos interessados, descrita no edital.

Edital 03/2019

RODRIGO FONSECA

COMISSÃO DE PADRONIZAÇÃO

Farmanguinhos distribui medicamento para transplantados

Ao todo, mais de 90 milhões de cápsulas do tacrolimo serão enviados para o SUS. O medicamento é fundamental para evitar rejeição ao órgão após transplante

O Tacrolimo é um medicamento vital para pessoas submetidas a transplantes de rins e fígado. Trata-se de um imunossupressor, isto é, ele diminui a atividade do sistema imunológico, efeito necessário para contornar a rejeição do organismo do paciente ao órgão transplantado e garantir o sucesso do procedimento (Foto: Centro de Comunicação)

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) iniciou a produção do imunossupressor Tacrolimo, usado para evitar rejeição de rim e fígado transplantados. No total, serão fabricadas mais de 90 milhões de unidades farmacêuticas deste medicamento vital para pacientes submetidos a transplante desses órgãos. A demanda foi solicitada pelo Ministério da Saúde a fim de suprir a falta momentânea do produto no Sistema Único de Saúde (SUS).

Essa produção emergencial demonstra a capacidade técnica da instituição, que, mais uma vez, atua de forma estratégica para o país, possibilitando o acesso dos pacientes ao tratamento na rede pública de saúde. Neste sentido, já foram enviadas 1.123.000 cápsulas de tacrolimo 1mg para o Serviço de Armazenagem e Distribuição de Medicamentos do Ministério da Saúde, departamento responsável por abastecer os estados de acordo com a necessidade de cada unidade federativa. Ao todo, serão distribuídas 86.062,500 cápsulas na concentração 1mg e 4.711,500 na de 5mg.

Necessidade vital – O Tacrolimo é um medicamento vital para pessoas submetidas a transplantes de rins e fígado. Trata-se de um imunossupressor, isto é, ele diminui a atividade do sistema imunológico, efeito necessário para contornar a rejeição do organismo do paciente ao órgão transplantado e garantir o sucesso do procedimento. Dada a sua importância, o medicamento consta na lista de produtos estratégicos no âmbito do SUS, segundo a Portaria 978/2008 do Ministério da Saúde (atualizada pela Portaria 1.284/2010).

O Instituto garante o abastecimento do SUS e, consequentemente, o tratamento dos pacientes. Além disso, economia ao Ministério da Saúde significa ampliar o acesso da população a esse importante medicamento – Jorge Souza Mendonça

 

Benefícios da produção pública – A fabricação do Tacrolimo foi viabilizada por uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP), em que a indústria nacional Libbs Farmacêutica transferiu a tecnologia para Farmanguinhos. A iniciativa fortalece as indústrias farmacêutica e farmoquímica nacionais, contribuindo para reduzir o desequilíbrio da balança comercial, gerando renda e emprego no país.

A produção do tacrolimo vem sendo executada numa área de A unidade isolou uma área de 410 m2 exclusivamente para este imunossupressor. Além de contar com profissionais altamente qualificados, foram adquiridos equipamentos de última geração (Foto: Alexandre Matos)

A produção integral nas instalações de Farmanguinhos comprova o sucesso da parceria, uma vez que o uso do tacrolimo é contínuo, isto é, o paciente deverá administrá-lo sem interrupção ao longo de sua vida após o transplante. Atualmente, cerca de 34 mil pessoas fazem uso do imunossupressor no país. Estima-se que, anualmente, são realizados 6,3 mil novos transplantes de rins e 1,4 mil de fígado no Brasil.

Segundo o diretor Jorge Mendonça, a fabricação no Instituto contribui ainda para a ampliação do acesso a esse medicamento e sustentabilidade do SUS. Para se ter uma ideia, a cooperação já possibilitou uma economia de cerca R$ 980 milhões aos cofres públicos no período de cinco anos. “A partir dessa parceria, o Instituto garante o abastecimento do SUS e, consequentemente, o tratamento dos pacientes. Além disso, economia ao Ministério da Saúde significa ampliar o acesso da população a esse importante medicamento”, frisa Mendonça.

Instalações de ponta – Para produzir o Tacrolimo nas instalações do Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM), Farmanguinhos passou por uma transformação de sua planta fabril. A unidade isolou uma área de 410 m2 exclusivamente para este imunossupressor. Além de contar com profissionais altamente qualificados, foram adquiridos equipamentos de última geração. A expectativa é de que outros medicamentos desta categoria terapêutica passem a fazer parte do portfólio institucional.

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